BRASÍLIA - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dias
Toffoli, defendeu nesta sexta-feira que o Congresso estabeleça, até o
dia 10 de junho, um limite de gastos para a campanha deste ano. Toffoli
afirmou, durante entrevista coletiva, que já conversou com os
presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN) sobre o assunto, mas não há uma definição se o
assunto será levado adiante ou não — dificilmente o será.
O
ministro lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin), movida pela Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) para pôr fim à doação de empresas a candidatos. O
julgamento encontra-se parado, com um placar favorável à Adin de seis
votos favoráveis a um, porque o ministro Gilmar Mendes pediu vistas.
Tofolli adiantou que, mesmo que a proibição seja aprovada, não valerá
para estas eleições.
O
desejo de Toffoli de ver o Congresso estabelecer um limite de gastos
para as campanhas está previsto na Lei das Eleições, mas os
parlamentares nunca deliberaram sobre o assunto.
— A lei nunca foi
editada pelo Congresso Nacional. O que diz a lei vigente? Não havendo
teto, é livre aos partidos auto-estabelecerem o teto. Se é livre, o céu é
o limite. Há uma possibilidade (de fixar limite) e ainda tenho
esperança de que o Congresso Nacional aprove lei estabelecendo teto para
presidente, senador, governador, deputado federal, deputado distrital e
deputado estadual — declarou Toffoli.
O ministro se mostrou
favorável ao financiamento público de campanha porque considera que, com
as doações particulares, as empresas pressionam governos e
parlamentares a atenderem seus interesses. Para Toffoli, não basta, no
entanto, apenas vedar o financiamento de empresas.
— Não é só vedar o financiamento de pessoa jurídica, mas é preciso estabelecer um teto, senão fica menos factível de controle.
Toffoli defende reforma política que permita escolha preliminar dos candidatos
O
presidente do TSE também defendeu uma maior participação dos eleitores
na definição dos candidatos a cargos majoritários. Ele observou que,
pelo modelo vigente, os eleitores limitam-se a escolher um candidato que
foi determinado por um grupo pequeno de um partido político. Embora não
tenha detalhado de que forma isso poderia ser colocado em prática,
Toffoli disse que é importante a população participar também da
pré-escolha daqueles que vão postular cargos de mando.
— Uma
reforma política que visa ampliar a vontade popular deveria submeter os
candidatos a voto preliminar. A escolha dos candidatos não tem base
democrática nenhuma. Uma reforma mais aprofundada, além do financiamento
de campanha, também teria de passar por prévias para o eleitor escolher
os candidatos.
Toffoli voltou a defender uma resolução adotada
pelo TSE no final do ano passado e que determina que qualquer
investigação sobre eventuais crimes eleitorais só podem se dar se houver
aprovação do juiz eleitoral. O Ministério Público criticou a medida,
afirmando que, dessa forma, dificulta as investigações. Para Toffoli, o
que se pretende é tornar claros os processos.
— Não há limitação à
investigação. É necessário que ela tenha capa, autuação e existência,
uma vez apresentada ao juiz eleitoral. Senão, é algo que está na gaveta e
que será usada quando e se quiserem. Quando há submissão ao Judiciário,
diz-se que há necessidade de se investigar e o juiz defere. Depois
ninguém pode jogar nada no lixo. A intenção é acabar com a influência de
outros no processo eleitoral.
Fonte: Jornal O Globo
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