RIO — A Câmara de Vereadores do Rio está a um passo de prorrogar a
esperada nomeação de técnicos para o cargo de conselheiros do Tribunal
de Contas do Município (TCM), como determina a Constituição Federal. Com
as atenções dos cariocas voltadas para os jogos da Copa do Mundo, a
Casa aprovou, há pouco mais de uma semana, em primeira discussão, uma
emenda à Lei Orgânica que altera a ordem de indicação de membros da
cúpula do tribunal. Com isso, contrariando as expectativas, o
Legislativo passa a dar as cartas na nomeação para as vagas que serão
abertas em outubro e no próximo ano, por conta da aposentadoria de dois
conselheiros. Nos bastidores, a informação é que o presidente da Câmara,
Jorge Felippe, e a vereadora Rosa Fernandes, ambos do PMDB, vão
disputar a indicação para assumir as vagas no TCM. A segunda e última
votação da proposta deve acontecer na próxima terça-feira.
O
projeto que muda o que está na Lei Orgânica, segundo os vereadores,
tinha como objetivo resolver os questionamentos à legislação, que
chegaram à Justiça. Mas acabou mexendo na ordem das indicações e, em vez
do Executivo, como era previsto, o direito de nomear caberá à Câmara.
PERFIL TÉCNICO, SÓ DEPOIS
Se
já fosse o Executivo a fazer as indicações, dois técnicos — um
procurador e um auditor — teriam que estar obrigatoriamente entre os
três nomes. Os vereadores também ignoram uma prática comum em órgãos
correlatos, como o Tribunal de Contas da União (TCU). Lá, toda vez que
um ministro se aposenta ou deixa o órgão, o direito de indicar o
substituto é do próprio poder que havia preenchido a vaga. Aqui, os
conselheiros Jair Lins e Fernando Bueno, que estão prestes a se
aposentar, foram indicados pelo Executivo, o que reforça a tese de que
caberia a este poder indicar os substitutos. A terceira aposentadoria,
em 2016, será Thiers Vianna Montebello, indicado pelo Legislativo.
A
primeira discussão da emenda 04 foi no dia 1° julho. A pressa em passar
com a emenda levou os vereadores a prorrogar o início do recesso, que
deveria ter começado no dia da votação. Como é preciso esperar até dez
dias entre a primeira discussão e a segunda, todos continuam a
trabalhar.
A emenda foi apresentada pelas comissões de Justiça e
Redação, Administração e Orçamento. O presidente da Comissão de Justiça,
vereador Jorge Braz (PMDB), diz que a emenda ajusta a Lei Orgânica à
Constituição Federal, porque mantém a indicação de um procurador e de um
auditor como conselheiros. Mas, pelo texto, eles só serão nomeados na
terceira e sexta vagas, e não na segunda e terceira indicações imediatas
do Executivo, como definia a regra em vigor.
— Hoje há um vácuo
legal porque a lei anterior foi considerada inconstitucional e, em
outubro, começa o processo de nomeação para o tribunal. Essa nova emenda
é fruto de um acordo — afirmou Braz.
O TCM é órgão auxiliar do
Legislativo e deve fiscalizar o cumprimento de contratos do Executivo,
analisar contas da gestão dos prefeitos e secretários. Para isso, tem
465 servidores. Outros 144 funcionários são indicações políticas e
trabalham vinculados aos gabinetes. A média salarial entre os
concursados é de R$ 14 mil e entre os não concursados, de R$ 7 mil. No
ano passado, o orçamento do órgão foi de R$ 165 milhões.
Rio e São
Paulo são as únicas cidades com tribunais de contas. A composição do
quadro de conselheiros é apontada por especialistas como uma das
principais medidas para dar mais equilíbrio aos julgamentos. Com isso,
seriam reduzidas as divergências entre o corpo técnico, que faz os
relatórios, e os conselheiros, que os julgam.
Fonte: Jornal O Globo
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