RIO — O próximo governador do Rio de Janeiro terá de apertar os
cintos em seu primeiro ano de administração. Dados disponibilizados pela
Secretaria estadual de Fazenda já apontam para uma dívida líquida
consolidada de R$ 74,4 bilhões — número referente a julho deste ano —, o
que corresponde a 158,58% da receita corrente líquida estadual. De
acordo com resolução nº 40/01 do Senado, o limite definido para o índice
é de 200%, enquanto a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estipula
como percentual de alerta a marca de 180%. A capacidade de investimento
com recursos próprios também será limitada e o impacto na folha de
pagamento do estado para honrar reajustes, incorporações de
gratificações e planos de cargos e salários concedidos chegará a cerca
de R$ 1,5 bilhão.
Este ano, o percentual de comprometimento da receita corrente líquida
com o pagamento de juros se manterá em 13,26%, enquanto o índice
recomendado por resolução do Senado é de 11,5%. Para 2015, o Estado do
Rio continuará a manter um índice superior. A previsão do percentual
para o próximo ano é de 13,02%.
BAIXA CAPACIDADE DE INVESTIMENTO
De acordo com o deputado estadual Gilberto Palmares (PT), que promove
um estudo mensal dos gastos do estado, o próximo governador encontrará
um estado com receitas próprias comprometidas com o custeio da máquina,
baixa capacidade de investimento e com uma dívida próxima ao limite
permitido por lei.
—
Este quadro pode se estender para os anos seguintes, e novos
comprometimentos vão surgir. Como exemplo eu cito o Fundo de Combate à
Pobreza. Os recursos eram para financiar ações de redução da miséria,
mas, hoje, são usados como receita corrente. O fundo vale até 2018,
quando deverá ser submetido a uma votação de prorrogação na Assembleia —
explica o deputado.
O Fundo de Combate à Pobreza financia hoje programas sociais que são
bandeiras da atual administração, como o Bilhete Único. Parte do
subsídio pago às concessionárias de transportes vem dos recursos do
fundo.
Ainda de acordo com Palmares, que integra a bancada de oposição à
administração do governador Luiz Fernando Pezão(PMDB), candidato à
reeleição, o estado chegará a 2015 com recursos próprios limitados para
novos programas. A previsão é que o Rio mantenha a tendência dos últimos
anos de recorrer a operações financeiras para levar à frente seus
projetos. As operações de crédito para investimentos este ano
representaram R$ 7,5 bilhões, contra R$ 2,07 bilhões de recursos
próprios.
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Desde 2006, Estado do Rio já pediu R$ 25 bilhões em autorizações à
Assembleia Legislativa (Alerj) para contrair empréstimos. Há oito anos, a
dívida consolidada líquida do estado era de R$ R$ 66,9 bilhões. Ano
passado, o déficit primário do estado chegou a R$ 4 bilhões. Para o
período de 2015 a 2017, a Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê um
período de austeridade, com a obrigatoriedade de superávit. No próximo
ano, o resultado estimado é de R$ 500 milhões.
Em nota, a Secretaria estadual de Fazenda informou que o percentual
da receita líquida empregado para pagamento da dívida do Estado do Rio
permanece na casa dos 13% “em decorrência do Contrato de Refinanciamento
da Divida celebrado com a União em outubro de 1999. O Estado tem que
pagar 13% da receita líquida real. Dessa maneira, somente o serviço da
dívida intralimite já seria superior a 11,5%.” Sobre o impacto dos
reajustes na folha de pagamento, a secretaria afirmou que a “despesa já
está na previsão do Orçamento que está sendo encaminhada em breve à
Alerj e será com a arrecadação do Estado.” O Orçamento será entregue à
Assembleia Legislativa até o fim deste mês.
A secretaria ainda ressalta que “a previsão de investimento no
Orçamento de 2015 será de R$ 11,07 bilhões” e que receitas próprias este
ano custearam a máquina e “investimento em ações sociais, como Bilhete
Único, Renda Melhor e Aluguel Social”.
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