Tribunal quer ter acesso a folha de pagamento e a orçamento da entidade
Por Washington Luiz
Brasília – O Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem até hoje para prestar esclarecimentos sobre os gastos com a organização dos Jogos de 2016. Em relatório aprovado na semana passada, os ministros sugeriram multar o presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, caso as informações não sejam apresentadas. Segundo o TCU, "o presidente da entidade se opôs a fornecer os dados para a equipe técnica do tribunal", Nuzman também preside o Comitê Rio 2016, entidade responsável pela organização das Olimpíadas.
O tribunal quer ter acesso aos dados da folha de pagamento do Rio 2016 dos últimos 12 meses, ao contrato de abertura do empreendimento imobiliário Ilha Pura, ao orçamento atualizado da entidade e à planilha com os contratos assinados desde a sua criação.
O Comitê Rio 2016 justificou o não fornecimento dos documentos alegando se tratarem de informações confidenciais. Todos os contratos da entidade com fornecedores, inclusive patrocinadores que podem repassar os recursos em dinheiro ou serviços, têm cláusulas de confidencialidade. Segundo o TCU, os advogados do comitê já estão em conversações com o tribunal para entregar novos documentos.
ALUGUEL DA VILA É DÚVIDA
Uma das principais preocupações do órgão é com o empreendimento Ilha Pura, que sediará a Vila dos Atletas. O motivo é que a empreiteira Carvalho Hosken S.A. estabeleceu o valor máximo de R$ 45,8 bilhões para alugar a vila, mas o comitê e a empresa fizeram um novo acordo de usufruto. Agora, o valor estimado do aluguel a ser pago para a empresa é de R$ 254.940.808,99.
O TCU também sugeriu monitorar as despesas com a Vila Olímpica e outras vilas. O Rio 2016 havia previsto no orçamento gastar R$ 758,4 milhões com essas áreas, porém a construtora pediu um financiamento de R$ 2,33 bilhões à Caixa.
O tribunal começou a fiscalizar a entidade em maio. A decisão foi tomada porque, apesar de ser uma entidade privada, o comitê pode vir a receber recursos federais, do governo do estado e da prefeitura do Rio caso suas receitas próprias não consigam cobrir as despesas. Em valores de hoje, os governos deverão entrar com até R$ 1,8 bilhões para completar o orçamento, o que ainda não foi necessário. Se houver déficit operacional (acima de R$ 1,8 bilhão), a diferença será assumida apenas pela União.
Fonte: Jornal O GLOBO.
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