Rio - Os municípios do estado, que já amargam expressivas quedas no
orçamento deste ano, acordaram nesta quarta-feira com uma nova dor de
cabeça: o corte de até 60% nos royalties do petróleo referentes ao mês
de março. A parcela que está sendo depositada nesta quinta-feira pela
Agência Nacional de Petróleo, Energia e Biocombustíveis (ANP) nas contas
dos municípios é calculada com base no período entre a segunda quinzena
de dezembro e a primeira de janeiro, quando o barril de petróleo chegou
a 45 dólares, o menor valor desde que começou a despencar no mercado
internacional.
“Acordei com a notícia de mais uma queda dos
royalties. Vou ter que tomar atitudes duríssimas a partir de hoje
(ontem). Estamos vivendo de altos e baixos”, disse Alair Correa,
prefeito de Cabo Frio, que participa hoje de uma reunião emergencial com
prefeitos de outros municípios em Rio das Ostras.
Em Cabo Frio, a queda foi de 54% em
relação ao mês de março de 2014. Já em Casimiro de Abreu, chegou a 60%.
Só em Campos dos Goytacazes, que recebe a maior fatia destes recursos, a
queda de 54% representa, em valores absolutos, R$ 30,5 milhões a menos.
Somando o primeiro trimestre, com royalties e participações especiais,
as perdas do município superam R$ 140 milhões em relação ao mesmo
período do ano passado. Na região da Bacia de Campos, os 11 municípios
produtores sofrem uma perda superior a R$ 346 milhões.
Em Rio das Ostras, a parcela de R$ 7,07 milhões
representa um dos menores repasses da história do município. O valor é
57,5% inferior ao esperado para o período e não seria suficiente sequer
para o pagamento da parcela mensal da dívida de cerca de R$ 8 milhões
com a empreiteira Odebrecht Ambiental, por serviços de saneamento básico
no município.
O secretário de Petróleo de Campos, Marcelo
Neves, diz que as cidades já estão fazendo o seu “dever de casa”. “Todas
as medidas já estão sendo tomadas. Esta curva de queda já deve ser
invertida, com ligeira alta de 15% em relação aos valores divulgados
hoje (ontem) na próxima parcela, que já deve pegar o barril na faixa de
52 dólares e o maior valor do dólar”, disse.
Estado espera R$ 200 milhões
Quase metade (45) dos municípios fluminenses
serão beneficiados pela nova Lei do ICMS aprovada terça-feira na
Assembleia Legislativa (Alerj), que deverá incentivar a atração de
indústrias no interior do estado. A maior parte das cidades é de pequeno
porte, como Aperibé e Areal. O projeto contempla ainda cinco
condomínios industriais, em Barra do Piraí, Japeri, Paracambi,
Pinheiral, Posse (Petrópolis), e também o distrito da Codin, em
Queimados.
Proposta pelo governador Luiz Fernando Pezão, a
lei prevê um fôlego a mais na combalida receita do estado, devendo
elevar em R$ 200 milhões a arrecadação com o tributo este ano. Além de
criar condições favoráveis para cidades menos privilegiadas por parques
industriais, o texto pretende impedir a concorrência desleal entre
indústrias. As que produzem plástico, aço e alumínio, por exemplo,
deverão ser mais tributadas. Em crise, a indústria petroquímica deverá
manter as regras atuais.
Outros 27 municípios que ficaram de fora da
nova lei estão na fila para receber o benefício. Um grupo de trabalho
será formado para, em um prazo de 60 dias, analisar a possível inclusão.
“Vou cobrar o prazo”, disse a deputada Marcia Jeovani, uma das que
apresentaram emenda pedindo a inclusão de Araruama na nova lei.
Fonte: Jornal O Dia
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