Rio - Os municípios do Estado do Rio congelaram salários, suspenderam
concursos e reduziram expedientes para enfrentar a falta de verba
proveniente da queda de arrecadação dos royalties de petróleo. A crise
afeta 87 das 92 cidades que recebem o recurso. Entre elas estão São
Gonçalo, Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu e Niterói. O
repasse incrementava entre 40% e 65% de cada orçamento.
Outros municípios mais atingidos com a perda
são Cabo Frio, Rio das Ostras, Angra dos Reis, Casimiro de Abreu e
Quissamã. Neles, há suspensão de investimentos, redução de contratos e
corte de salários e de horas-extras dos servidores.
Após
a pressão dos servidores de Angra dos Reis pressão, a administração do
município anunciou um pacote de medidas para conter os gastos
Em Rio das Ostras, o prefeito
Alcebíades Sabino não sabe como vai sustentar as contas do município: “A
única coisa que está em dia é a folha de pagamento de março. A folha de
abril, eu não sei”. A previsão de perda para 2015 era de R$ 120
milhões. Mas no primeiro trimestre houve uma queda de mais de 50% em
relação ao mesmo período de 2014.
Para equilibrar as contas, a Prefeitura de
Casimiro de Abreu reduziu expediente de trabalho pela metade. As
exceções são para os serviços essenciais, como Saúde, Educação e
Segurança. O município vai perder R$ 67 milhões em royalties este ano. E
para conseguir conceder reajuste de 6,41 % ao funcionalismo público em
janeiro, a prefeitura precisou demitir contratados.
O desligamento também foi o caminho encontrado
pelo prefeito de Cabo Frio Alair Corrêa, que exonerou 4 mil
funcionários. Sem os royalties, a receita caiu 48%, R$ 43 milhões em
três meses. Além disso, a companhia de limpeza foi extinta e os
servidores foram para outros órgãos. “Não são medidas simpáticas, mas
necessárias”, disse o prefeito, ao reconhecer que a máquina estava
inchada.
A Prefeitura de Quissamã também trabalha em
meio expediente. O repasse de março foi de R$ 3 milhões, uma queda de
28,25% em relação a fevereiro. Já, se comparada a dezembro de 2014, foi
contabilizada uma redução de 50,18% no trimestre.
Em Caxias, a prefeitura reservou montante
relativo a três meses de pagamento de pessoal, prevendo um cenário nada
animador no futuro. Em fevereiro e março, a queda foi de R$ 6 milhões.
“Os supersalários que existiam foram cortados. Economizamos R$ 3,9
milhões por mês”, disse o prefeito Alexandre Cardoso.
Já o prefeito de São Gonçalo Neilton Mulim
cortou em 20% os custos e espera economizar R$ 50 milhões ao ano. Em
Nova Iguaçu, o secretário de Planejamento Jessé Gomes disse que a
redução fica abaixo de 1% da receita total, porém não informou se
afetará serviços.
Em Campos dos Goytacazes, houve uma redução de
convênios e contratos e corte de 10% nos salários dos comissionados.
Além disso, foi publicado nesta sexta-feira o novo organograma
administrativo, que prevê redução de secretarias e de cargos
comissionados.
Medidas anunciadas após pressão Depois dos protestos dos servidores, a prefeita de Angra dos Reis
Conceição Rabha anunciou um pacote de medidas para reduzir os gastos na
administração pública e espera economizar R$ 3 milhões mensais aos
cofres.
Entre as ações estão a redução de 30% do
próprio salário e a diminuição de 50% dos cargos comissionados, o que
representa 436 funcionários. Também será feito um recadastramento de
todos os imóveis pertencentes à prefeitura, que serão resgatados, com o
intuito de reduzir os gastos com aluguéis.
Com atrasos no pagamentos desde novembro de
2014, os servidores entraram em greve e ocuparam a sede da prefeitura
desde a última segunda-feira até quinta, quando foi expedido um mandado
de reintegração de posse. Mas o limite foi quando a administração avisou
que não teria reajuste nem para repor a inflação do ano, enquanto a
cidade não sair da crise.
A prefeita Conceição Rabha, após encontro com o
sindicato dos funcionários (Sinspmar), também prometeu pagar o
funcionalismo em dia. Eles prometem fazer um ato na próxima quarta-feira
para continuar com a campanha salarial.
Municípios e problemas
RIO DAS OSTRAS
Não tem previsão de pagamentos, obras
suspensas, órgãos foram extintos, serviços cancelados, salários
reduzidos e corte das horas-extras de servidores.
CABO FRIO
Quatro mil funcionários, entre cargos
comissionados e contratados exonerados, redução de salários, extinção do
órgão de limpeza do município.
ANGRA DOS REIS
Corte de salário da prefeita e secretários, congelamento de proventos, demissão de contratados.
CASIMIRO DE ABREU
Redução do expediente de trabalho a fim de
economizar recursos, demissão de comissionados, reajuste abaixo da
inflação, fusão de secretarias e redução no orçamento das pastas.
QUISSAMÃ
Meio expediente nos órgãos, corte de salários, redução de proventos em 20%.
CAMPOS
Supressão de convênios e contratos e redução nos salários comissionados.
DUQUE DE CAXIAS
Antecipação de reservas para pagamento de salários e fornecedores prevendo atrasos futuros. Demissão de nomeados.
SÃO GONÇALO
Corte de contratos e funcionários em 20%.
Fonte: Jornal O Dia
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