O
rombo nas finanças fluminenses chegou a R$ 4,17 bilhões em 2015, o
maior do país. Considerando todos os estados, a União, os municípios e
as estatais, as contas públicas tiveram déficit recorde de R$ 111,2
bilhões. Pelo segundo ano consecutivo, o Rio de Janeiro apresentou o
pior resultado nas contas públicas entre todos os estados brasileiros.
Em 2015, o déficit primário do estado (sem contar o pagamento dos juros
da dívida) foi de R$ 4,17 bilhões, ante R$ 7,2 bilhões do ano anterior.
Isso significa que o estado não conseguiu economizar nada para reduzir
sua dívida. Acrescentados os juros nominais, que somaram R$ 14,11
bilhões, o déficit foi de R$ 18,3 bilhões. A dívida líquida do estado
atingiu R$128,7 bilhões em dezembro. Os dados foram divulgados pelo
Banco Central (BC) ontem, ao apresentar o resultado das contas públicas
consolidadas (que incluem governo federal, estados, municípios e
estatais).
As
finanças públicas fluminenses sofreram um baque em 2015 com a queda nas
receitas com royalties de petróleo e a menor arrecadação com ICMS do
setor de óleo e gás, afetado pela crise na Petrobras e pela Operação
Lava-Jato.
Meio trilhão para pagar juros
O
setor público consolidado, por sua vez, teve o maior rombo em 14 anos:
um déficit primário de R$ 111,2 bilhões. O déficit das contas públicas é
equivalente a 1,88% do Produto Interno Bruto (PIB). O rombo do setor
público em 2015 é o triplo do apresentado em 2014, quando o déficit
havia sido de R$ 32,5 bilhões, ou 0,57% do PIB.
E
o governo gastou mais de meio trilhão de reais com juros no ano
passado: foram R$ 501,8 bilhões. Com isso, o déficit nominal (que inclui
o pagamento de encargos da dívida pública) chegou a R$ 613 bilhões, o
equivalente a 10,34% do PIB. No ano anterior, a conta nominal havia
somado R$ 343,9 bilhões, ou 6,05% do PIB.
O
chefe adjunto do departamento econômico do BC , Fernando Rocha, explica
que o déficit histórico é resultado de uma atividade econômica baixa, o
que impacta a arrecadação do governo, e do pagamento dos passivos
apurados pelo Tribunal de Contas da União, as chamadas “pedaladas
fiscais" (atrasos nos repasses a bancos públicos e ao FGTS para melhorar
artificialmente as contas públicas). Em dezembro, o Tesouro Nacional
quitou todo o montante apurado, de R$ 55,8 bilhões.
— Temos
tanto os efeitos da atividade econômica, quanto os da própria política
fiscal, que apresentou uma redução de despesas, e o impacto do pagamento
desses passivos — disse Rocha.
Com
o pagamento das “pedaladas”, o governo central (formado por Tesouro
Nacional, Banco Central e Previdência Social) foi o principal
responsável por puxar para baixo o resultado do setor público. Em 2015, o
resultado foi negativo em R$ 116,6 bilhões. As estatais apresentaram um
resultado negativo de R$ 4,2 bilhões no ano passado. Estados e
municípios foram os únicos a terem um superávit: fizeram uma economia de
R$ 9,7 bilhões.
Só
em dezembro, o setor público consolidado apresentou déficit de R$ 71,7
bilhões, também o pior desempenho para todos os meses desde o início da
série histórica, em 2001. Em dezembro de 2014, o resultado foi negativo
em R$ 12,9 bilhões.
Sem
ter economizado para pagar os juros, a dívida bruta — um dos principais
indicadores de solvência observados pelas agências de classificação de
risco — chegou a R$ 3,9 trilhões, ou 66,2% do PIB, o maior patamar da
atual série histórica, que teve início em 2006.
O
Banco Central também passou a divulgar, a partir deste mês, a apuração
mensal do que é devido aos bancos públicos e ao FGTS, uma exigência do
TCU após a verificação das “pedaladas”. O governo apurou, em dezembro,
um passivo de R$ 11,3 bilhões referente ao segundo semestre de 2015.
Como o Tesouro paga os valores, geralmente, a cada semestre, esse
passivo deve ser zerado em janeiro.
Fonte: Jornal O Globo
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