Em consequência da queda na arrecadação
de impostos, o governo do Rio de Janeiro não tem dinheiro para pagar
integralmente o salário de março dos servidores estaduais. Por isso, só
policiais civis e militares, bombeiros, agentes penitenciários e
professores vão receber o valor integral na data prevista, 14 de abril.
As demais categorias serão pagas em parcelas a partir desse mesmo dia.
O
governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), que substitui Luiz
Fernando Pezão (PMDB), afastado para tratamento de saúde, ainda não
anunciou como será feito esse parcelamento. Desde a última quarta-feira,
uma greve geral mobiliza 33 categorias de servidores, entre eles
professores, policiais civis e funcionários do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran) e do Instituto Médico Legal (IML).
Para
quitar os salários de todos os 468,5 mil servidores (220,3 mil ativos,
153,4 mil inativos e 94,8 mil pensionistas), o governo precisa de R$ 2
bilhões, mas não tem esse dinheiro.
A nota do governo
estadual divulgada ontem diz o seguinte: "Devido ao agravamento da crise
econômica do Estado e consequente escassez de recursos, o governo
estuda pagar integralmente, no dia 14, os servidores de áreas de
serviços essenciais à população, como as forças de segurança, englobando
as polícias Civil e Militar, bombeiros e agentes penitenciários, além
dos profissionais da educação. Os demais deverão ter parte de seus
vencimentos depositados também no dia 14".
Até novembro de
2015, os salários dos servidores eram pagos no último dia do mês
trabalhado ou no primeiro dia do mês subsequente. Os atrasos começaram
em dezembro - alguns salários de novembro chegaram a ser quitados apenas
na segunda semana de dezembro. Naquele mês, o governo determinou que, a
partir de então, os salários seriam pagos até o sétimo dia útil do mês
seguinte. Mas em março já faltou dinheiro para cumprir esse cronograma, e
os salários passaram a ser quitados no décimo dia útil do mês seguinte.
Agora, esse novo prazo também não deve ser respeitado.
As
duas únicas categorias que continuam recebendo os salários no primeiro
dia útil são o Poder Judiciário e o Ministério Público. Em dezembro,
dias depois de o governador anunciar o novo calendário de pagamento, o
presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Luiz Fernando
Ribeiro de Carvalho, recorreu ao Supremo Tribunal Federal e o presidente
do órgão, Ricardo Lewandowski, determinou que o Estado mantivesse o
pagamento desses servidores até o dia 30 - os demais funcionários
públicos estaduais só receberam seus salários de dezembro em 12 de
janeiro. Em janeiro houve nova divergência quanto à data, mas o governo
continua obrigado a depositar os salários até o último dia útil do mês.
Os salários de março desses servidores foram pagos no dia 31 e
consumiram R$ 301 milhões.
Também já receberam o salário de
março 7.900 funcionários ativos de 18 empresas e órgãos públicos
contratados segundo as regras da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Esses servidores recebem sempre no quinto dia útil do mês
seguinte ao trabalhado. Em abril, o gasto do governo com esse grupo foi
de R$ 24,3 milhões.
Greve. Contra o atraso do
pagamento e por melhores condições de trabalho, os servidores promovem
greve geral desde o dia 6. Os policiais civis, que estavam em estado de
greve, iniciaram uma paralisação efetiva ontem, registrando apenas os
casos urgentes ou mais graves. Funcionários do Departamento Geral de
Ações Socioeducativas (Degase, que lida com crianças e adolescentes
infratores), que aderiram à paralisação no dia 6, foram obrigados ontem
pela Justiça a voltar ao trabalho em 24 horas, sob pena de multa diária
de R$ 300 mil ao sindicato da categoria. Uma audiência de conciliação
entre servidores e representantes do governo estadual está programada
para o dia 19, na sede do Tribunal de Justiça.
O Instituto
Estadual de Hematologia (Hemorio), órgão que capta e distribui sangue a
pacientes em tratamento e funcionava todo dia, anunciou ontem que não
vai abrir amanhã. O horário de coleta nos dias úteis também foi
reduzido. Funcionários terceirizados do órgão estão sem receber salários
há dois meses. A primeira categoria de servidores a parar foram os
professores, em greve desde 2 de março. As informações são do jornal.
Fonte: O Estado de S. Paulo