A falta de pagamento dos servidores inativos do Estado do Rio que
ganham acima de R$ 2 mil líquidos levou mais de 100 funcionários
públicos a ocupar ontem o prédio da Secretaria Estadual de Fazenda, no
Centro. O principal objetivo era pressionar o governo a garantir o
crédito do benefício imediato de aposentados e pensionistas. Mas somente após oito horas de ocupação, uma comissão do movimento —
incluindo aposentados — conseguiu se reunir com o líder do governo na
Alerj, deputado Edson Albertassi (PMDB). O parlamentar negociou uma
reunião do grupo com o secretário da pasta, Julio Bueno, e outros
integrantes do governo, no Palácio Guanabara.
O governo dificultou o acordo e pediu a desocupação imediata do
prédio para o encontro. Em votação, os servidores decidiram dormir no
prédio e ficar no 19º andar pelo menos até as 13h de hoje, quando
completar 24 horas de ocupação. O grupo reivindica garantias para a
saída do local antes da reunião no Palácio.
O ato começou por volta das 13h30, pouco depois de Bueno sair para
almoçar. Ao tomar conhecimento do ato, o secretário não atendeu ao
pedido dos servidores. Segundo fontes do governo, ele se reuniu com o
governador em exercício Francisco Dornelles, no Palácio Guanabara, onde
continuou trabalhando.
Quando o prédio foi tomado, a Polícia Militar ordenou que os
funcionários da Fazenda deixassem o local, ocasionado a paralisação dos
serviços durante a tarde. A PM também desligou os elevadores. A ocupação
desagradou integrantes do governo, que alegam prejuízos no
funcionamento da pasta, principalmente em um momento que a arrecadação é
importante para acelerar o pagamento.
Ao chegarem ao local, os ocupantes foram recebidos pelo chefe de
gabinete da Fazenda, Julio Mirilli. Mas a conversa logo foi interrompida
quando o vidro de uma porta se quebrou. O episódio gerou controvérsia
entre governo e grupo de ocupantes. O estado diz que os servidores
depredaram o prédio, enquanto estes acusam um segurança do local de ter
fechado a porta abruptamente, danificando-a.
Inativos de fora da capital também participaram da ocupação, como
Creuza Santos, de 58 anos e Nair Pereira, 70, que saíram de Barra do
Piraí. A aposentadoria é a única fonte de renda delas. “É um absurdo.
Temos contas a pagar. Dependo desse dinheiro para comprar remédios de
uso diário”, queixou-se Nair. Naide Carvalho, 76, saiu de Macaé, para
protestar contra o governo. Todas viajaram em van custeada pelos
sindicatos de servidores.
Defensoria orienta aposentados A Defensoria Pública do Rio publicou ontem orientação sobre os possíveis
processos que serão abertos contra o Estado do Rio em virtude do não
pagamento dos aposentados e pensionistas. Quem deseja entrar com ação
individual deve se dirigir ao Núcleo de Fazenda Pública da Capital,
localizado na Rua São José 35, 13º andar, Centro, no Ed. Menezes Côrtes.
O atendimento será sem agendamento. Quem mora no interior deve se dirigir ao núcleo de primeiro atendimento
local. Os funcionários entrarão em contato por meio do e-mail. Os
Núcleos Especializados da Defensoria Pública do Rio procuraram a
Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos Estaduais
e Municipais do Rio (Fasp-RJ) para tratar das providências que devem
ser tomadas na ação coletiva. Segundo o advogado da Fasp, Carlos
Henrique Jund, as ações coletivas não terão como ser operacionalizadas:
“O ideal é entrar com ação individual pedindo sequestro de bens para o
pagamento”.
Fonte: Jornal O Dia
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