BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda divulgou, nesta terça-feira, um novo
relatório que detalha o comportamento das finanças estaduais nos últimos
anos. O trabalho mostra que, embora se queixem dos encargos elevados de
suas dívidas com a União, os estados estão num quadro de penúria porque
tiveram um forte aumento nas despesas com folha de pagamento.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a folha somou R$ 24,5 bilhões em
2015, crescendo 28,9% em relação a 2014. No entanto, considerando apenas
as despesas com inativos e aposentados, o valor desembolsado saltou de
R$ 4,97 bilhões para R$ 10,84 bilhões nesse período, o que equivale a
uma alta de 118%.
Com o pagamento de serviço da dívida com a União, o Rio teve uma
redução entre 2014 e 2015. O montante passou de R$ 5,343 bilhões para R$
5,260 bilhões no período, uma queda de 1,55%.
De acordo com o documento, o total desembolsado pelos estados em
geral com serviço da dívida com a União somou R$ 37,257 bilhões em 2015,
o que representa um crescimento de 3,7% em relação a 2014, quando o
total foi de R$ 35,924 bilhões. No mesmo período, as despesas com folha
de pagamento atingiram nada menos que R$ 320,739 bilhões – uma alta de
10,8% sobre 2014, quando o montante chegou a R$ 289,468 bilhões.
O maior crescimento na folha dos governadores foi decorrentes de
gastos com inativos e pensionistas. Essa conta foi de R$ 46,732 bilhões
em 2015 e teve um aumento de 13,72% em relação a 2014. Já as despesas
com ativos foram de R$ 203,483 bilhões, com alta de 8,03% na mesma
comparação.
INVESTIMENTOS RECUARAM 38,2%
Em seu relatório,
que passará a ser divulgado anualmente com base nos Programas de
Reestruturação e Ajuste Fiscal (PAFs) dos próprios governos regionais, o
Tesouro Nacional destaca que houve uma forte queda nos investimentos
estaduais entre 2014 e 2015. Esses gastos recuaram 38,2% no período,
baixando de R$ 57,5 bilhões para R$ 35,5 bilhões. No caso do Rio, a
queda dos investimentos foi de 24,5%. Esses desembolsos passaram de R$
8,189 bilhões para R$ 6,182 bilhões no período.
No documento, a equipe econômica destaca as dificuldades dos estados
com o equilíbrio da folha de pagamento: “Tal despesa tem sido de difícil
controle por parte dos estados. Além disso, em que pese o aumento da
arrecadação própria, houve crescimento das despesas com servidores,
reforçando a necessidade de um maior controle de gastos dessa natureza”.
ESTADOS ACIMA DO LIMITE
O Tesouro Nacional
destacou em seu relatório sobre os estados que seis unidades da
federação – Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraíba, Goiás e Rio de Janeiro – estão com indicadores fiscais acima
dos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Pela
regra em vigor, os gastos dos governos estaduais não podem ficar acima
de 60% de sua Receita Corrente Líquida (RCL).
No entanto, os seis estão acima desse percentual. No caso do Rio
Grande do Sul, o limite supera 75%. No caso do Rio de Janeiro, o
percentual está próximo de 65%. Em média, essa relação é de 57,3%.
Ainda segundo o documento, somente o Pará é classificado pelo Tesouro
como um estado nota A. A secretaria avalia os governos regionais por
notas que variam de A a D dependendo de sua situação fiscal, sendo que A
é a mais alta e D é a mais baixa. Essa classificação é usada para que o
Tesouro decida se dá garantias a empréstimos. O Rio, Rio Grande do Sul,
Alagoas, Goiás e Minas Gerais são classificados como D.
Fonte: O Globo
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