Cortes de despesa do Rio deve afetar os programas sociais

Os gastos com programas sociais podem ser os mais afetados pelo novo plano de corte de despesas do governo do Rio de Janeiro, anunciado pelo governador em exercício, Francisco Dornelles. O déficit do Estado chega a R$ 19 bilhões. Entre as medidas anunciadas ontem estão a suspensão dos programas de transferência Renda Melhor e Renda Melhor Jovem, que complementam os benefícios do Bolsa Família e a extinção de cinco secretarias, entre elas Habitação, Desenvolvimento Regional e Prevenção à Dependência Química.

Dornelles ainda estuda como será o corte no Bilhete Único, benefício em que o governo subsidia passagens de ônibus na região metropolitana. Uma alternativa é manter o benefício apenas para os que recebem salários até o teto da isenção fiscal.

Ao todo, foram cinco decretos que estabelecem corte de gastos de pelo menos 30% nas secretarias, determinam redução do número de pastas na administração estadual e cortam programas sociais. As medidas devem gerar economia de pelo R$ 1 bilhão aos cofres do Estado.

Cinco órgãos ficaram fora da obrigação de corte: as secretarias de Educação, Administração Penitenciária, Segurança, Saúde e " instituições que exercem funções essenciais à Justiça". No entanto, o governo determinou que essas pastas "deverão empreender esforços de otimização de suas despesas operacionais".

Parte do pacote de medidas anunciado para reduzir o déficit orçamentário tem fórmula semelhante ao plano divulgado por Luiz Fernando Pezão no início de 2015, quando foi reeleito para o comando do Estado. No dia 5 de janeiro, na cerimôniade posse do secretariado, Pezão anunciou redução de R$ 1,5 bilhão por ano nos gastos de custeio e pessoal nas pastas e em outros órgãos da administração direta do estado. É praticamente o mesmo objetivo de corte que o estabelecido pelo governador em exercício Francisco Dornelles. As medidas, porém, não conseguiram evitar que o governo atrasasse salários de servidores e o pagamento de contratos. 

"Estamos fazendo um adicional de 30%, é um algo a mais", respondeu Dornelles ao ser questionado sobre o novo anúncio de cortes. No ano passado, Pezão havia anunciado cortes de 25% a 35%, que deveriam atingir contratos de telefonia, transporte, alimentação e serviços terceirizados, além de gratificações especiais de servidores e de enxugamento de cargos comissionados.

Embora Pezão esteja afastado para se tratar de um linfoma, Dornelles garante que todas as decisões são referendadas por ele. Algumas iniciativas anunciadas são repetidas, como o desejo de aumentar as parcerias público-privadas (PPPs) e tirar do papel projetos de concessão do saneamento na Baixada Fluminense e da Linha 3 do Metrô.

O Palácio Guanabara também listou 10 imóveis que nos próximos 90 dias serão colocados à venda e conta ainda com o projeto de securitização da Dívida Ativa, que soma R$ 66 bilhões.

Dornelles voltou a criticar a cobrança de juros da dívida com a União, cobrou uma moratória de dois anos e mudança nos juros. Sobre a reunião de ontem com o governo federal que tratou da dívida dos Estados, o governador em exercício disse apenas que espera "que a União tenha sensibilidade". O pagamento dos juros da dívida consome cerca de R$ 10 bilhões por ano. "Ninguém quer dar calote na dívida", destacou.

Dornelles disse que as medidas foram anunciadas na tentativa de evitar que o Rio de Janeiro rompesse o teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que obrigaria o Palácio Guanabara a "medidas drásticas", como a demissão de funcionários concursados, e poderia paralisar atividades da administração. "Estamos fazendo esforço para não cair nesse parâmetro, que exigiria um esforço muito grande", disse.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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