A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, avaliou nesta
quinta-feira (9) que a proposta do Minsitério da Fazenda para os estados
brasileiros, no processo de renegociação das dívidas estaduais,
representa "alivio imediato como ponte para o reequilíbrio das contas
públicas".
"O governo busca uma negociação possível com os estados. O que
significa ser compatível com a volta da confiança e do crescimento",
declarou ela, por meio da assessoria de imprensa do Ministério da
Fazenda.
A secretária do Tesouro Nacional confirmou ainda a proposta de uma redução, de 24 para 18 meses, do
período de carência (suspensão) do pagamento das dívidas dos estados com
a União - apresentada mais cedo nesta quinta-feira em reunião com os
secretários de Fazenda dos estados.
Além disso, a proposta prevê uma redução gradual do percentual da
dívida sob carência. Ela começaria com 100% e vai se reduzindo até
chegar em 0% no 18º mês.
Na semana passada, os estados haviam pedido 100% de carência no
pagamento por 24 meses. Eles alegam queda da arrecadação de impostos e
dificuldades em cumprir compromissos financeiros - alguns estados, como o
Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, chegaram a atrasar pagamento de salários e aposentadorias.
Entretanto, o governo federal também enfrenta dificuldade com suas contas. A estimativa é de que o rombo fiscal possa chegar a R$ 170,5 bilhões em 2016.
A secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, se disse "otimista" com a
negociação com os estados e avaliou que os secretários de Fazenda
compreendem o contexto difícil das contas públicas. Segundo ela, a União
não vai poder atender a todos os pleitos dos estados pois há muita
restrição fiscal.
Retroatividade Outro ponto da proposta alterado pelo governo foi a retroatividade do
indexador de reajuste da dívida (IPCA + 4% ao ano). Os estados queriam
que o indexador fosse aplicado desde a assinatura dos contratos, no
final da década de 90.
Segundo a secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, o governo
informou na reunião que não há espaço fiscal, ou seja, recursos, para
mexer no estoque da dívida.
“O que eles deixaram claro é que não há espaço fiscal para discutir a mudança, para mexer no estoque da dívida”, afirmou.
A primeira proposta do governo previa um desconto de 40% na parcela da
dívida por 24 meses. Isso custaria ao Tesouro R$ 26 bilhões. A nova
proposta foi construída para manter o mesmo custo ao Tesouro Nacional.
Consenso Houve consenso, no entanto, sobre as contrapartidas que devem ser
atendidas pelos estados. Entre elas está a proibição do aumento na folha
de pagamento de pessoal e das despesas acima da inflação por dois anos,
e que haja uma definição do que é considerado gasto com pessoal.
Agora, afirmou a secretária, a proposta do Ministério da Fazenda será apresentada aos governadores e o próximo passo deve ser uma reunião entre o ministro da Fazenda e os governadores.
De acordo com ela, porém, a proposta não atende a todos os estados e pode não ser aceita.
“Saímos ali com o sentimento claro de que a proposta não atende tudo o
que foi pedido, mas entendemos que há restrições por parte do Tesouro.
Ou seja, temos que chegar ao meio termo. Claramente a proposta
apresentada hoje não é a proposta de consenso. Não é a proposta que vai
gerar esse acordo”, afirmou Ana Carla.
Fonte: Jornal O Globo
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