O governo do presidente interino, Michel Temer, quer o compromisso de
ajuste nas contas públicas dos Estados antes de firmar acordos para
socorrer os casos mais críticos de crise financeira.
Em reunião com os governadores, marcada para esta segunda (20), no
Planalto, Temer deve propor uma negociação genérica das dívidas, definir
o tempo de moratória para pagamento dos débitos e, mediante
contrapartida de redução dos gastos, eleger os Estados que mais precisam
de um tratamento especial.
Segundo o governador Rodrigo Rollemberg (DF), que irá reunir colegas
antes do encontro com Temer, a exigência de contrapartida "tem
receptividade", mas ele ressalta que alguns Estados "já fizeram ajuste e
estão no limite".
"É preciso olhar caso a caso, porque o DF, por exemplo, já fez ajuste.
Reduzimos 5.000 cargos comissionados, reduzimos secretarias, reduzimos
em mais de R$ 1 bilhão o custeio da máquina pública no ano passado e
estamos no limite", afirmou à Folha.
Ainda de acordo com Rollemberg, a principal expectativa é sair da
reunião com Temer com uma definição do tempo para a moratória. Alguns
governadores propuseram que o prazo fosse de um ano, mas a equipe de
Temer vai apresentar contraposta.
"Espero que cheguemos a um denominador comum", disse o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB).
Estão na pauta dos governadores a redução do estoque dos débitos e o
prolongamento por mais 20 anos do período para quitar as contas, assim
como a retomada das operações de crédito.
CAUTELA
Após o decreto de calamidade pública do Rio em razão da crise
financeira, anunciado na sexta (17), auxiliares de Temer tiveram a
avaliação de que a medida poderia comprometer a negociação das dívidas
de outros Estados.
Isso porque, afirmam, não há recursos da União para ajudar todos os
Estados e era preciso, antes de divulgar qualquer proposta, negociar um
cronograma genérico com os demais governadores.
Com o decreto do Rio, que deve incluir ajuda federal de quase R$ 3
bilhões para segurança e mobilidade antes do início da Olimpíada, os
assessores de Temer acreditam que será preciso "cautela" para novos
acordos.
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo
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