O governo do Rio desistiu em maio de um empréstimo de R$ 1 bilhão do
Banco do Brasil após sofrer resistências no Tesouro Nacional para
aprovar a operação.
Os recursos seriam usados para capitalizar o Rioprevidência e ajudar a
pagar aposentados e pensionistas. O empréstimo havia sido aprovado pelo
Senado para compensar a queda na arrecadação nos royalties do petróleo e
participações especiais.
O total aprovado era de R$ 3,5 bilhões, mas o Rio optou por pedir inicialmente apenas uma parte –R$ 1 bilhão.
O aporte era apontado pelo governo estadual como uma das tábuas de
salvação para tentar manter em dia os salários de servidores e
aposentados. O vencimento de maio está em atraso.
A despesa total do Rioprevidência deste ano é de R$ 20 bilhões. Há um buraco de cerca de R$ 12 bilhões no fundo.
USO VETADO
Documentos obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação mostram que
os técnicos do Tesouro questionaram o uso dos recursos. Para eles, o
destino era pagamento de pessoal, o que é vedado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal em operações com bancos públicos.
O Estado tentou argumentar dizendo que o objetivo era fazer um aporte de
capital no Rioprevidência. O argumento não teve êxito junto à
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, que entendeu que, no fim, a
verba seria usada para pagar pessoal.
O governador interino, Francisco Dornelles (PP), então, decidiu desistir do pedido em 3 de maio.
"Embora o Estado tenha cumprido os limites e condições para realizar a
contratação da operação de crédito em questão, a análise junto à PGFN
não foi frutífera", escreveu Dornelles ao ministério, solicitando o
cancelamento do pedido.
Apesar da carta do governador interino, a Secretaria Estadual de Fazenda
afirmou que "não fez comunicação de desistência ao Ministério da
Fazenda".
No Estado, a avaliação é que as exigências foram altas em razão das
críticas às pedaladas fiscais e a iminência da aprovação do pedido de
impeachment da agora presidente afastada Dilma Rousseff.
O rigor, ainda sob gestão Nelson Barbosa na Fazenda, foi distinto do
padrão imposto durante o primeiro mandato de Dilma. O governo do Rio,
por exemplo, teve empréstimos aprovados mesmo recebendo do Tesouro nota
D, a mais baixa na análise de capacidade de pagamento.
Nestes casos, é necessário uma autorização especial do ministro da Fazenda para liberar o empréstimo.
O Estado ainda tem um pedido de empréstimo de R$ 989 milhões do BNDES
pendente de aprovação no Tesouro. Contudo, o Rio não pode firmar novas
operações de crédito por ter dado calote de uma parcela da Agência
Francesa de Desenvolvimento.
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo
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