Governo Temer recua e desiste de proibir reajuste a servidor estadual

Um dia depois de o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) defender a proposta que proíbe por dois anos os reajustes ao funcionalismo estadual, o governo Michel Temer decidiu alterar o projeto de renegociação da dívida dos Estados e abrir mão dessa restrição. 

A mudança foi uma exigência dos líderes da base aliada do governo na Câmara do Deputados para votar o projeto da renegociação. Os parlamentares aprovaram o texto preliminar da proposta nesta quarta-feira (10). Foram 282 votos a favor, 140 contrários e duas abstenções. 

Ainda é necessário votar na Câmara algumas propostas que podem alterar o texto final da renegociação. A votação está marcada para as 10h desta quarta-feira (10). Depois, o projeto segue para o Senado. 

Foi o segundo recuo do presidente interino em relação ao projeto. Na semana passada, já havia sido alterado o trecho que obrigaria alguns governadores a reduzirem o gastos com pessoal para se enquadrarem na Lei de Responsabilidade Fiscal, que seria modificada. 

Na segunda-feira (9), o governo havia fechado com o relator do projeto, deputado Esperidião Amin (PP-SC), um texto que proibia por dois anos a realização de concursos e a concessão de reajustes aos funcionários públicos. 

A única contrapartida dos governadores que permanece no projeto é o teto para o aumento das despesas nos próximos dois anos, que ficará vinculado à inflação. A oposição ainda tenta derrubar essa restrição. 

Essa é a única exigência para que os Estados tenham o benefício de esticar em 20 anos o pagamento das suas dívidas com a União e obter ainda descontos adicionais nas prestações até 2018. 

Pouco antes de anunciar a mudança no texto, líderes da base aliada afirmaram que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) errava ao insistir na restrição ao funcionalismo e que sua posição se devia a uma tentativa de agradar ao mercado, mas que não encontrava respaldo do ponto de vista político. 

Para atender aos pedidos da base aliada, pressionada por funcionários públicos, o governo pediu ao relator do projeto que mexesse na questão dos servidores. 

Amin afirmou que não houve recuo por parte do governo, pois o trecho retirado do projeto é a mesma coisa que já está prevista na Constituição, na Lei de Responsabilidade Fiscal e no acordo assinado com os governadores em junho. Esse foi o mesmo discurso dos demais líderes. 

O PT, que votou contra a proposta, avaliou que o projeto foi desfigurado, representou uma derrota para Temer e mostra que o governo terá dificuldade para aprovar outras medidas de ajuste fiscal. 

 

NORTE E NORDESTE 

O governo federal também decidiu analisar o pedido dos governadores do Norte e Nordeste, que reivindicam ajuda financeira para apoiar a proposta da renegociação, que beneficia, principalmente, os Estados do Sul e Sudeste. 

No mesmo momento em que o texto era alterado na Câmara, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmava, por meio da internet, que governadores que não renegociaram suas dívidas com a União, "com justos motivos, pedem auxílio emergencial ao governo". "Vai ser avaliado", afirmou Padilha. 

Em reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB -AL), governadores do Norte e do Nordeste reivindicaram compensações para apoiar tentativa do governo de aprovar um projeto que renegocia as dívidas dos Estados. 

Fonte: Folha de S. Paulo

Leia todas as notícias
 Voltar
 
Todos os direitos reservados © ASTCERJ 2010. Desenvolvido por Heaven Brasil e GNNEXT.