BRASÍLIA - Quatro Estados que ainda não aderiram ao acordo da dívida
com a União estão livres da obrigação de limitar o crescimento das
despesas à inflação, pelo menos até a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) sobre o teto de gastos ser aprovada. A ata da reunião de 20 de
junho, que selou a renegociação, coloca a participação dos Estados na
PEC como “contrapartida estrutural”. O governo, porém, ainda não
apresentou a emenda para incluir os Estados.
Especialistas entendem que o Projeto de Lei Complementar 257, que
trata da repactuação das dívidas, põe a limitação do crescimento das
despesas de Estados à inflação como uma contrapartida apenas àqueles que
aderiram aos termos da renegociação. Como Bahia, Rio Grande do Norte,
Piauí e Sergipe não assinaram, estão livres do compromisso, que deve ser
assumido pelos demais nos 24 meses seguintes à aprovação do texto.
“Quem não aderir a esse pacote não vai ficar sujeito a esses termos”,
afirmou o advogado Michael Altit, sócio do escritório Motta, Fernandes
Rocha. O teto de gastos é colocado pelo governo como a principal
contrapartida no acordo com os Estados, pelo qual a União concedeu mais
prazo e alguns descontos nos pagamentos das parcelas. “O pacto e o novo
acordo só valerão para quem assinar”, reforçou José Roberto Afonso,
pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito
Público (IDP).
A única obrigação que poderia ser estendida a todos os Estados,
signatários ou não do acordo, seria a mudança na Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Pela proposta, os gestores teriam de elevar o rigor na
contabilidade de despesas com pessoal, acabando com a “maquiagem” que
permite hoje que Estados fiquem enquadrados nos limites da lei ainda que
tenham gastos maiores com a folha.
Em meio à pressão de parlamentares e de funcionários públicos,
contudo, o governo optou por retirar esse trecho do texto. O ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, disse que uma proposta à parte para
atualizar a LRF será apresentada.
O Ministério da Fazenda informou que espera “que todos os Estados
responsáveis por dívidas refinanciadas pela União venham a aderir ao
acordo, cumprindo as contrapartidas aprovadas pelo Legislativo”. Mas não
quis detalhar sob quais condições ficarão aqueles que não assinarem.
Segundo a pasta, 21 Estados firmaram a ata da reunião do acordo. Ceará e
Maranhão entraram posteriormente, totalizando 23 adesões, disse o
presidente do Conselho Nacional de Secretários de Fazenda, André Horta.
Segundo ele, os Estados que não assinaram o acordo não precisarão
cumprir a regra que impõe teto de gastos por dois anos. Apesar disso,
ressaltou que nada impede que os quatro governos estaduais façam a
adesão durante ou após a tramitação do projeto. A partir da aprovação da
lei, haverá prazo de 360 dias para a assinatura dos aditivos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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