RIO - O governo estadual arrecadaria mais R$ 1,5 bilhão por
ano se já estivesse valendo o aumento de 11% para 14% da contribuição
previdenciária. O dinheiro seria um alívio, já que, em 2016, o rombo
previsto é de R$ 12 bilhões. A proposta de mudança da alíquota — que faz
parte do pacote de medidas que o governador licenciado Luiz Fernando
Pezão pretende levar hoje a Brasília —, se aprovada, teria impacto maior
sobre aposentados e pensionistas. Hoje, pela lei, esses dois grupos
contribuem com 11% do que excede o teto do INSS (R$ 5.189). Com a
mudança na lei, essa cobrança passaria a ser sobre o total dos
vencimentos e atingiria todos.
— Como a grande massa dos aposentados e pensionistas recebe
menos do que o teto do INSS, eles não contribuem para a Previdência. E,
no caso dos que contribuem, a alíquota incide apenas em cima do que
excede esse teto. Com a alteração proposta, todos, funcionários da
ativa, inativos e pensionistas, passariam a contribuir com 14% sobre o
total — afirmou o presidente do Rioprevidência, Reges Moisés dos Santos.
DESPESA TOTAL DE r$ 18 BILHÕES
Segundo
ele, as despesas com o pagamento de aposentados e pensionistas este ano
deverão alcançar os R$ 18 bilhões. Desse valor, cerca de R$ 4,5 bilhões
serão pagos com as contribuições previdenciárias dos servidores da
ativa. Outros R$ 500 milhões, por inativos e pensionistas. Além disso, o
fundo recebe cerca de R$ 1 bilhão de outras fontes, como royalties do
petróleo e aluguel de imóveis. O grosso da despesa terá que ser coberto
pelo tesouro.
— O aumento da alíquota elevaria a arrecadação com as
contribuições de R$ 5 bi para R$ 6,5 bi, reduzindo o rombo para cerca de
R$ 10,5 bilhões — disse Reges.
Governadores dos 27 estados estão convidados para uma
reunião hoje, às 11h, em Brasília, que vai acertar a proposta conjunta
de reforma previdenciária do setor público estadual a ser encaminhada ao
governo federal. O Rio vai propor ainda o aumento da idade mínima para a
aposentadoria e que outros poderes (Legislativo e Judiciário) também
contribuam como empregadores. Hoje, só o Executivo paga essa conta.
— No Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, já é assim — afirmou Luiz Fernando Pezão.
Segundo o presidente do Rioprevidência, a transferência das despesas para o orçamento de outros poderes impactará suas contas.
— Hoje, esses poderes recebem seus repasses, só que os
inativos e pensionistas não entram no orçamento deles. Passam todos para
a conta do tesouro estadual. Quando eles aumentam os salários de seus
servidores, os inativos também recebem, mas esse gasto não é computado
no orçamento desses poderes. Fica tudo na conta do Executivo — destacou.
— Com a mudança, os inativos e pensionistas passariam também a impactar
o orçamento desses poderes. O Executivo então passaria a ter uma
pressão menor sobre seu orçamento, para se preocupar apenas com o
impacto de seus servidores inativos.
Carlos Jund, advogado da Federação das Associações e
Sindicatos dos Servidores Públicos (Fasp), criticou a proposta de
aumento da alíquota de contribuição previdenciária de funcionários da
ativa e inativos.
— Mais uma vez, aquele que não criou a situação vai ter que
pagar a conta. Não estamos identificando redução de custos e enxugamento
da máquina pública. Primeiro, deveriam tentar enxugar a estrutura
administrativa, cortar terceirizados e cargos comissionados, para aí,
sim, pensar em aumento da tributação — disse Jund.
Fonte: Jornal O Globo
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