Brasília - Trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos
terão as mesmas regras para concessão de aposentadorias. A decisão de
igualar as condições já foi tomada e confirmada ontem pelo presidente
Michel Temer. A alteração será feita pela proposta de Reforma da
Previdência que seguirá para o Congresso. O texto também incluirá
alterações no regime de aposentadorias dos parlamentares, que hoje têm
regra específica. Funcionários do setor público e do setor privado são
regidos por normas diferentes. Já sobre militares, Temer afirmou não
saber se haverá alterações.
Pelas propostas — o texto foi entregue
a Temer na semana passada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha,
com esboço da reforma — o governo quer implementar idade mínima de 65
anos tanto para homens quanto para mulheres, aumentar o tempo mínimo de
contribuição de 15 para 25 anos e acabar com acúmulo de aposentadorias e
pensões, entre outros itens. As medidas valerão para os servidores.
“Vamos
fazer uma coisa equânime. Não haverá mais distinção entre a Previdência
geral e a pública. Temos que igualar isso. É um ponto que está
definido”, garantiu Temer em entrevista à Rádio CBN. O presidente não
quis adiantar pontos da proposta. Disse que não havia lido todo o
projeto. Mas deu a certeza sobre o fim das diferenças entre os regimes
público e geral de Previdência. Temer afirmou que analisará o texto
final quando voltar da viagem à Índia e ao Japão e que convocará reunião
com centrais sindicais, setores empresariais e lideranças no Congresso.
Aposentadoria de político
Na entrevista, Temer também confirmou que as modificações
nas regras de aposentadorias do políticos estão sendo tratadas. “Não
vamos diferenciar mais os setores. Deve ser geral (a reforma), atingir a
todos”, afirmou. Atualmente, deputados e senadores possuem regime
especial de aposentadoria, que segue regras dos servidores. Para receber
o benefício integral, são exigidos 35 anos de contribuição e 60 anos de
idade.
Os políticos podem se aposentar proporcionalmente. O
benefício é estipulado com base em 1/35 (um trinta e cinco avos) dos
salários por ano de mandato. Hoje, um senador pode se aposentar com oito
anos de mandato se preencher os requisitos de 35 anos de contribuição
previdenciária, no INSS ou em outro regime, e ter 60 anos.
Questionado
se os militares das Forças Armadas vão perder o seu regime de
Previdência, Temer afirmou que ainda não sabia como ficaria esse grupo.
“Confesso que não sei dizer. Recebi um belíssimo esboço (das propostas
da reforma), não por inteiro. Os militares evidentemente sempre tiveram
tratamento diferenciado, em função das peculiaridades da carreira”,
alegou o presidente.
Estados querem elevar contribuição
O
presidente Temer informou ontem que os governadores o procuraram em
função para aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14% dos
servidores. Ontem, 13 governadores participaram de encontro em Brasília.
Com aumento da contribuição mínima e a criação de fundo para a
transição até o novo modelo, os chefes dos executivos estaduais
pretendem apresentar até o fim desde ano proposta conjunta para a
reforma dos regimes próprios.
Os representantes dos estados, entre
eles Luiz Fernando Pezão, governador licenciado do Rio, e do DF,
Rodrigo Rollemberg, decidiram que vão seguir o modelo de idade mínima
que será adotado na Reforma da Previdência. Os governadores decidiram
apressar a formatação de proposta única que será enviada a todas as
assembleias estaduais do país.
Para eles, a reforma dos
regimes de Previdência é a pauta mais urgente dentro da crise fiscal dos
estados. “Queremos fazer uma reforma em sintonia com o governo federal
para combatermos o déficit dos estados”, disse.
Maia arquiva projeto de repatriação
O
presidente da Câmara , Rodrigo Maia (DEM-RJ), arquivou ontem o projeto
que pretendia alterar as regras do Programa de Repatriação de recursos
enviados ilegalmente ao exterior. Principal fiador da proposta, Maia
engavetou o projeto após não conseguir acordo com o PT e o governo.
Os
governadores chegaram a fechar acordo com Maia para a votação e pediram
que o prazo fosse estendido apenas até 8 de novembro, para que possam
receber ainda em novembro recursos a que terão direito da receita da
repatriação. Se data for estabelecida, podem receber a parte da
arrecadação entre 10 ou 11 de novembro.
Os governadores também
pediram a Maia que intercedesse junto ao Ministério da Fazenda para
aumentar a parcela da receita da repatriação a que os estados terão
direito. Os governadores querem receber parte da multa cobrada pela
União ao contribuinte, quando a arrecadação referente a ela exceder R$
15 bilhões. No projeto da Câmara, eles só terão direito a essa parcela
quando a multa passar de R$ 25 bilhões.
O programa foi criado
por meio de lei aprovada em 2015 pelo Congresso Nacional e sancionada em
janeiro pela então presidente Dilma. O programa dá anistia tributária e
penal a contribuintes que regularizarem recursos, em troca do pagamento
de 15% de multa e 15% de IR.
Fonte: jornal O Dia
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