A taxação extra de servidores como forma de contribuição à
Previdência não será mais discutida pela Assembleia Legislativa (Alerj).
A cota seria de 16% sobre os salários de ativos e inativos que recebem
mais do que o teto do INSS (R$ 5.189,82) ou de 30% sobre os rendimentos
de aposentados e pensionistas que ganham menos (e não pagam). O anúncio
foi do presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB). O aumento da alíquota
normal de 11% para 14% (no 1º caso) está mantido.
Enquanto isso,
na porta da Alerj, houve outra manifestação nesta quarta-feira. Dessa
vez, porém, a tentativa de invasão foi impedida pelo Batalhão de Choque,
com bombas de gases lacrimogênio e de pimenta.
— Já avisei ao
secretário de Governo (Affonso Monnerat) que não vamos discutir a cota
extra. O governo é livre para mandar a proposta que quiser. Mas eu tenho
sensibilidade para entender que não podemos comprometer a vida das
pessoas — disse Picciani.
O veto sobre a discussão da cota extra
foi decidido por líderes partidários. O PMDB, de Picciani e do
governador Luiz Fernando Pezão, será favorável a todos os demais
projetos, mas emendas deverão ser sugeridas.
— Vou apresentar o
calendário de discussão e votação aos deputados. Não sofreremos um rolo
compressor do governo. Teremos discussões até o fim de novembro antes de
qualquer votação — disse.
Pezão comentou a decisão de Picciani.
Para ele, que está em Brasília para tratar com o governo federal formas
de tirar o Rio da crise, os deputados estaduais têm o direito de
rejeitar a proposta.
— Estou aberto a sugestões dos deputados — declarou.
Na
terça-feira, o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) obteve uma
liminar que impedia a discussão do projeto na Alerj. O governo do estado
até recorreu, mas a ação judicial de nada valerá agora.
Inativos ainda veem ameaças no pacote do governo
Áurea
Maria da Silva, de 73 anos, se aposentou há três anos da rotina no
Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Pelas suas contas, foram quase 50
anos de trabalho e de contribuições previdenciárias. O fantasma do
aumento de descontos da folha salarial assustou a inativa. Mas não houve
comemoração quando ela recebeu a notícia de que os deputados não
votariam a criação de uma alíquota adicional de recolhimento para
sustentar a Previdência do estado. Para ela, a ameaça ainda não ficou
para trás.
— A incerteza é muito desagradável. Neste mês, o
pagamento foi parcelado. Os inativos e os pensionistas são os mais
prejudicados. Gastamos muito com remédios e plano de saúde. Sou
hipertensa, e tudo isso é muito desagradável, porque fico ainda mais
nervosa. Lembro-me de ficar até depois das 22h no cartório. Não é justo.
Desconfiança e alívio: contribuição previdenciária
O
pacote de austeridade do governo caiu como uma bomba para o professor
de Matemática Ronaldo Silva, de 42 anos. Uma das principais preocupações
dele era o aumento da contribuição previdenciária. A notícia da
derrubada do projeto na Alerj foi recebida com um misto de alívio e
desconfiança.
— É um pacote de maldades com os servidores. Nunca
tinha vivido uma situação como essa. Até a prestação do carro está
atrasada. E se eu tivesse que ser mais descontado ainda? — indagou o
professor.
Fonte: Jornal Extra
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