Rio - A Alerj aprovou nesta quarta, por unanimidade, o fim do regime
especial de tributação da cadeia do petróleo, o Repetro, criado em 1999
para incentivar a indústria petroleira. Agora, com a suspensão das
isenções fiscais ao setor, o Parlamento aposta em um ‘alívio’ para os
cofres públicos do estado.
Segundo o deputado André Ceciliano
(PT), autor do decreto legislativo, o Rio deixou de arrecadar R$ 4
bilhões só neste ano com a concessão do benefício. O texto será
promulgado e publicado no Diário Oficial nos próximos dias.
Mas
não só o fim do Repetro poderá resultar em aumento da arrecadação para o
estado. O governo do Rio busca mais R$ 1 bilhão ao ano com a revisão do
cálculo dos royalties de petróleo e participações especiais (PE).
A
Agência Nacional do Petróleo (ANP) já havia divulgado, em janeiro deste
ano, novos critérios de fixação de preços mínimos de petróleo — e
utilizados para calcular os royalties. Mas logo depois a União impediu a
adoção da medida, sob forte pressão do setor petróleiro.
Por
isso, o governo do Rio foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) lutar pela
revisão do cálculo, argumentando que a ANP tem independência para
decidir sobre a matéria. O ministro do STF, Luiz Fux, reconheceu a
autonomia da agência e determinou audiência de conciliação nesta
quinta-feira.
São partes na ação o Estado do Rio, a ANP e o
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que
representa as petroleiras. O IBP argumenta contra a revisão da fórmula,
dizendo que o novo cálculo impactará negativamente o setor, deixando de
atrair investidores.
O instituto tem o mesmo posicionamento
em relação à votação da Alerj que cancela o Repetro no estado. Já o
autor do projeto nega que o fim das isenções fiscais ao setor petroleiro
vá afastar investidores. Ele ressalta a consolidação do setor no Rio e a
descoberta do Pré-sal. “O pré-sal é quase um bilhete premiado: onde se
fura se encontra petróleo. Das reservas conhecidas, 80% estão no Rio.
Então, não vamos perder investimentos”, diz.
O deputado André
Ciciliano afirma ainda que essa medida veio em boa hora. Isso porque,
segundo ele, o regime especial de tributação foi necessário em outra
época e, agora, seu objetivo já foi alcançado.
A mudança no
Repetro ‘nasceu’ após a CPI da Alerj, que apurou as consequências para o
estado da má gestão da Petrobras, em 2014. Relator da CPI, Luiz Paulo
(PSDB) também verificou a necessidade de revisão do cálculo dos
royalties de petróleo. Ele diz que o estado deve pedir o retroativo do
que não foi pago pelas empresas há cinco anos. “Pela nova fórmula, o
setor deverá pagar R$ 6 bilhões”, afirmou.
Fonte: Jornal O Dia
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