Governo decide vetar parte do projeto de renegociação da dívida dos Estados

O governo federal reagiu à manobra feita na Câmara dos Deputados na semana passada e vai vetar as mudanças feitas no projeto de renegociação da dívida dos Estados que tinha sido aprovado no Senado. O veto atingirá diretamente o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), um programa que dá aos governadores de Estados em situação de calamidade a carência, por três anos, do pagamento das dívidas com a União. Em contrapartida, trazia uma série de exigências, como a elevação da contribuição dos servidores estaduais à Previdência. Os deputados mantiveram os benefícios do regime, mas retiraram as contrapartidas. Por isso a decisão do governo de vetar essa parte.

Com isso, o programa de renegociação de dívidas dos Estados que passará a valer é o mesmo aprovado na Câmara em agosto, que prevê o alongamento, em 20 anos, do prazo de paga- mento dos débitos com a União. Os governadores terão de cumprir apenas uma contrapartida, nesse caso: limitar, por dois anos, o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.

O porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, explicou que a decisão de vetar parte do projeto foi tomada “tendo em vista que as contrapartidas (que constavam no RRF) não foram mantidas”. O governo deve retomar o projeto do Regime de Recuperação Fiscal, mas ainda não definiu como isso será feito (leia mais à página B3).

Os Estados em situação crítica que aderissem ao RRF teriam, além da carência nos pagamentos à União por 36 meses, a proteção contra qualquer bloqueio de contas bancárias. Entre as contrapartidas constavam a privatização de ativos, redução do crescimento da folha de salários e até a proibição de gastos com publicidade.

As exigências, porém, foram derrubadas pelos deputados. Após essa votação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a dizer que a Casa “não precisa dizer amém ao Ministério da Fazenda”.

O anúncio do veto aconteceu de forma atabalhoada. Durante a quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, chegou a afirmar que seria derrubado todo o projeto vindo da Câmara. Logo depois, porém, o Palá- cio do Planalto esclareceu que a medida atingiria apenas parte do texto. Em seguida, coube ao Ministério da Fazenda anunciar o trecho que seria vetado pelo presidente Michel Temer.

A secretária da Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, disse que o veto parcial é “o mínimo” esperado após a “desconfiguração completa” do texto pelos deputados. “A Câmara inviabilizou o programa de recuperação fiscal para os Estados mais problemáticos”, disse. “Demorou muito para o governo entender o tamanho do estrago, o primeiro movimento foi de minimizar mais uma vez. Agora, pelo visto, está caindo a ficha.”

Ana Carla disse que a demora na aprovação do regime de recuperação, que só deverá ser apreciado a partir de fevereiro, prejudicará os Estados em pior situação. “É o preço que se paga pela irresponsabilidade que foi cometida naquele dia”, completou.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo

Leia todas as notícias
 Voltar
 
Todos os direitos reservados © ASTCERJ 2010. Desenvolvido por Heaven Brasil e GNNEXT.