O governador Luiz Fernando Pezão jogou um balde de água fria na intenção
do prefeito Marcelo Crivella de municipalizar o complexo do Maracanã.
Através de sua página no Twitter, Pezão descartou ontem a possibilidade:
“O Maracanã não dá, o estádio está concessionado”, escreveu ele,
lembrando a negociação que está sendo feita com duas empresas para
assumir a operação, entregue em 2013 à Concessionária Maracanã (formado
pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG). Já em relação às 16 Unidades de
Pronto-Atendimento (UPAs) do estado que funcionam na capital, a
expectativa do governo é de que sejam entregues em até 60 dias à
prefeitura. Somados UPAs, Maracanã, Teatro Municipal e Museu da Imagem e
do Som (MIS), que Crivella tem interesse na municipalização, os gastos
com pessoal e manutenção são de pelo menos R$ 367 milhões por ano.
“Ele (Crivella) propôs a municipalização de UPAs, fazer um
mutirão e usar os hospitais do estado e do município para reduzir esse
déficit de cirurgias. Me coloquei totalmente à disposição e torço muito
para que a gente cresça com essa parceria. É a população que ganha com
isso”, disse Pezão. O governador cita também conversas de parcerias com o
estado para o metrô e a reforma das estações de trens.
Um dos 79 decretos publicados por Crivella em Diário
Oficial, no primeiro dia de sua administração, cria um comitê para
efetivar a municipalização das 16 UPAs. Segundo a Secretaria estadual de
Saúde, no ano passado foram repassados R$ 255 milhões às Organizações
Sociais (OSs) que administram as UPAs. Antes da repactuação dos
contratos, os custos dessas unidades chegaram a R$ 356,8 milhões em
2015. Cerca de 2.980 funcionários trabalham nas 16 UPAs estaduais da
capital
— Nossa expectativa é que a prefeitura do Rio
assuma todas as unidades num prazo máximo entre 30 e 60 dias — prevê o
secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior.
MIS: RECURSOS ASSEGURADOS
Outro
decreto de Crivella encomenda estudo técnico para uma eventual
municipalização do complexo do Maracanã, do Teatro Municipal e do MIS
por meio de parcerias público-privadas (PPPs). A Secretaria estadual de
Cultura informa que o custo anual do Teatro Municipal (incluindo
pessoal) é de R$ 59 milhões. E uma estimativa feita há três anos indica
que o novo MIS, em Copacabana, que deve ser entregue em 2017, projeta
gastos anuais em torno de R$ 20 milhões.
Por WhatsApp, no entanto, o governador assegura que, no caso
do MIS, o estado está “com recursos na conta para terminá-lo” e já
conseguiu verbas para manter o futuro espaço. Ele acrescentou, porém,
que ainda não recebeu qualquer demanda do prefeito para o museu e o
Municipal.
Quanto ao estádio, o último balanço financeiro da
Concessionária Maracanã mostra que, para manter o equipamento, foram
gastos R$ 33,2 milhões em 2015. O Maracanã ainda não foi devolvido pelo
Comitê Rio 2016 à concessionária, que aguarda laudo atestando as
condições da cobertura após a queima de fogos das cerimônias de abertura
e encerramento da Olimpíada.
A concessão do Maracanã, iniciada em 2013, é de 35 anos, mas
os administradores alegam prejuízos. Três hipóteses são estudadas:
devolução do estádio, transferência da concessão para um dos dois
consórcios interessados e realização de nova licitação.
Ainda pelo Twitter, Pezão disse que espera ter “um ano de
2017 melhor”, com a ajuda financeira do governo federal. Afirmou que
está “trabalhando 16, 17 horas” para conseguir regularizar os salários
dos servidores — a maioria das categorias não recebeu novembro. “A coisa
que eu mais quero é colocar em dia o salário do funcionalismo. E eu vou
colocar”, prometeu.
Fonte: jornal O Globo
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