Em meio a protestos de servidores, Assembleia autoriza medida central de pacote, que ainda depende do Congresso
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41 votos a 28, os deputados estaduais do Rio aprovaram nesta segunda
(20) projeto de lei que permite a privatização da Cedae (Companhia
Estadual de Águas e Esgotos), medida essencial para garantir o pacote de
socorro financeiro negociado pelo Estado com o governo federal.
A decisão desencadeou novos protestos no centro da cidade, em que 20 manifestantes foram detidos pela polícia.
O
plano do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é entregar ações da
empresa em garantia para tomar um empréstimo de R$ 3,5 bilhões com aval
do governo federal.
A operação ainda
depende de aprovação, pelo Congresso, do projeto de renegociação da
dívida dos Estados, que modifica aspectos da Lei de Responsabilidade
Fiscal.
O governo do Rio quer usar os recursos do empréstimo para pagar salários atrasados, o que é vedado pela lei.
A
votação da privatização da Cedae chegou a ser adiada duas vezes, diante
da possibilidade de protestos violentos e da necessidade de consolidar a
base do governo para aprovar a iniciativa.
Nesta
segunda, após a promessa de cargos para aliados, a base atuou como rolo
compressor: em votação rápida, aprovou o texto enviado pelo governo e
rejeitou 211 emendas que a oposição apresentou ao projeto em comissões.
Nesta
terça-feira (21), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro votará
outras 16 emendas apresentadas como destaques do texto principal. Diante
da coesão da base, deputados da oposição acham difícil reverter o
processo.
“É uma questão de Estado, e não
de governo. Precisamos de uma solução para que os salários sejam pagos e
os serviços voltem a funcionar”, disse o presidente da Assembleia,
Jorge Picciani (PMDB).
Ele calcula que,
com o empréstimo de R$ 3,5 bilhões e a suspensão do pagamento da dívida
com a União, o Rio terá um alívio de R$ 10 bilhões em suas contas,
equivalente a metade do deficit de R$ 19,5 bilhões previsto para este
ano.
Picciani disse, porém, que só
colocará em votação outras medidas do pacote de socorro, como a aumento
da contribuição previdenciária dos servidores, quando os salários
estiverem quitados.
Caso o projeto seja
sancionado, o governo terá seis meses para definir o modelo de
privatização da companhia, cujo valor é estimado em R$ 5,5 bilhões. A
Cedae atende 64 dos 95 municípios do Rio e teve lucro de R$ 249 milhões
em 2015. A possibilidade de privatização tem gerado questionamentos
também nos municípios atendidos pela empresa, inclusive na capital. é o
deficit previsto para este ano nas contas do Estado.
Fonte: Folha de São Paulo