O
governo federal delimitou que ativos os Estados vão ter de privatizar
para ter acesso ao novo regime de recuperação fiscal, cujo principal
benefício é a suspensão do pagamento das dívidas com a União por até
três anos. Os Estados em dificuldades financeiras terão de aprovar nas
assembleias legislativas leis autorizando a privatização de empresas dos
setores financeiros, de energia e de saneamento. Os recursos obtidos
deverão ser destinados para a quitação de dívidas.
A
primeira versão falava apenas da criação de um programa de
desestatização pelos Estados que aderirem, sem especificar as áreas
pretendidas. A União quer que os Estados em pior situação vendam
estatais como a Companhia de Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), do
Rio, a companhia de energia mineira Cemig e o banco gaúcho Banrisul, mas
muitos resistem. O Rio Grande do Sul, por exemplo, não quer abrir mão
do banco estadual e ofereceu outros ativos, como a distribuidora de
energia CEEE.
No caso de Minas, o
governador Fernando Pimentel disse ao Estado que não vê motivos para
privatizar a Cemig. No Rio, a assembleia legislativa aprovou ontem a
venda da Cedae.
O novo projeto de lei, que
deve ser enviado para o Congresso Nacional ainda hoje, traz ainda
outras mudanças em relação ao projeto apresentado no fim do ano passado –
que acabou sendo desfigurado durante a tra-
LRF
Projeto prevê a suspensão de dispositivos da Lei de Resposabilidade
Fiscal (LRF) durante a vigência do plano, para que Estados possam obter
crédito mesmo estando fora dos limites da lei. mitação no Congresso e
vetado pelo presidente Michel Temer.
Foi
mantida no texto a previsão de elevação da alíquota de contribuição para
o Regime Próprio de Previdência Social para, no mínimo, 14%. O texto
prevê que o prazo de vigência do plano de recuperação será limitado a 36
meses, podendo ser prorrogado pelo mesmo período.
O
texto foi discutido ontem em reuniões da equipe econômica, até com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), que capitaneou a retirada
das contrapartidas quando a Casa analisou a criação do regime pela
primeira vez, em dezembro. Na época, ele disse que os deputados federais
não precisa- vam dizer “amém” ao Ministério da Fazenda. Desta vez, Maia
sinalizou que apoiará o projeto.
Auditoria.
O projeto prevê a criação de um conselho de supervisão para o regime de
recuperação fiscal, que funcionará como uma espécie de “auditoria
externa” para ajudar a fiscalizar e acompanhar a execução das medidas,
explicou ao Estado um integrante da equipe econômica. O texto que cria o
regime especial está pronto para ser encaminhado ao Congresso Nacional
e, desta vez, será aprovado com as contrapartidas, prevê a fonte. “Todo
mundo está entendendo a gravidade da situação”, disse.
Fonte: O Estado de S. Paulo