Com o fim do feriado de Carnaval, o funcionalismo estadual volta
todas as atenções para a Alerj. A expectativa do Movimento Unificado dos
Servidores Públicos Estaduais (Muspe) é de que o projeto de aumento da
alíquota previdenciária de 11% para 14% seja levado ao plenário da Casa
para votação em até duas semanas sem esperar que os salários sejam
colocados em dia.
Isso porque o ministro Luiz Fux, do Supremo
Tribunal Federal (STF), deu prazo de 30 dias para que o Congresso e o
governo do Rio votassem todas as medidas do acordo de recuperação fiscal
(incluindo a de elevação do desconto previdenciário). A decisão foi
publicada em 15 de fevereiro.
Servidores organizaram atos contra venda da Cedae e promete
protestos referentes a outras medidas, como aumento da alíquota
previdenciária Severino Silva / Agência O Dia
O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani
(PMDB), no entanto, vem afirmando de forma categórica que o projeto de
elevação da alíquota previdenciária só será colocado em pauta quando os
salários — incluindo o 13º — estiverem em dia.
Mesmo assim, o
temor ronda os servidores, que já estão se reunindo para definir os
próximos passos na tentativa de convencer deputados a rejeitarem a
proposta — o governo afirma que tem maioria para a aprovação.
Presidente
do Sind-Degase e um dos representantes do Muspe, João Luiz Rodrigues
acredita que esse projeto — e os outros que estão no acordo — serão
pautados nos próximos dias. “Principalmente pelo fato de o STF ter dado
prazo de 30 dias para o governador (Pezão) aprovar as contrapartidas
impostas ao estado”, ponderou Rodrigues.
Alíquota extraordinária
As
outras medidas colocadas no acordo determinam que o estado apresente
projeto de criação de alíquota extraordinária de 8% para a Previdência, o
que — junto com a outra proposta — descontaria até 22% do salário do
servidor. A proposta de taxa extra, porém, deve ser rejeitada, avaliam
parlamentares da base do governo.
O acordo
determina também a privatização da Cedae para garantia de empréstimo de
R$ 3,5 bilhões ao Estado do Rio e o congelamento salarial — impedimento
de reajustes — do funcionalismo por três anos, entre outras medidas. A
Alerj já aprovou, e com folga, o projeto referente à companhia estatal
em um projeto de lei único que tratava tanto da autorização para o
estado obter empréstimo quanto para permissão de alienação das ações da
empresa.
Câmara analisará plano até primeira quinzena do mês
O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já afirmou
que o projeto de lei que cria a recuperação fiscal dos estados — enviado
em 23 de fevereiro pela União — será votado em regime de urgência até a
primeira quinzena deste mês. O texto prevê a suspensão do pagamento das
dívidas dos entes com o governo federal por três anos. Mas, para isso,
exige contrapartidas duras e que penalizam sobretudo os servidores.
O
projeto, direcionado aos estados em calamidade — como Rio, Minas Gerais
e Rio Grande do Sul — determina a privatização de estatais dos setores
financeiro, de energia e de saneamento “para quitação de passivos
(dívidas)” e o aumento da alíquota previdenciária para, no mínimo 14%,
entre outras ações.
O texto também permite que estados que hoje estão
impedidos de obter empréstimo (porque ultrapassaram o limite de
endividamento da Lei de Responsabilidade Fiscal) façam operação
financeira.
Antes de o projeto ser enviado à Câmara, a União e
governo do Rio assinaram termo de compromisso para a recuperação
fiscal. Mas o acordo diz que os efeitos só serão colocados em prática
com aval da Alerj e do Congresso.
O estado decidiu, então,
ajuizar ação no STF para antecipar os efeitos do acordo. E diante do
impasse entre as partes, o ministro Luiz Fux, relator do processo,
determinou a suspensão da ação por 30 dias para que, neste prazo, o
Congresso vote o projeto e a Alerj analise o texto referente à Cedae e
as demais medidas previstas pelo acordo. Como a Assembleia aprovou a
alienação das ações da Cedae, o estado estuda apresentar novo pedido a
Fux que o autorize a obter empréstimo.
Royalties: ANP pede novo prazo
A
revisão dos royalties de petróleo pagos pelas petroleiras ao Rio é uma
das ações que podem ajudar a aliviar a crise financeira do estado. A
medida pode render mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Por
isso, o governo fluminense tem pressa de que isso ocorra . Em 2016, foi
ao STF pedir que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) implementasse novo
cálculo. O relator da ação, que também é ministro Luiz Fux, determinou
então que a ANP apresentasse a nova fórmula até 1º de março .
A
agência, no entanto, apresentou petição para o adiamento do prazo para
daqui a 30 dias. A ANP alega que “até a presente data não foram fixadas
as diretrizes políticas pelo Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE)”. O ministro Luiz Fux ainda não decidiu sobre o pedido.
Questionado
pela coluna, o estado disse que “não vê, a princípio, motivos que
justifiquem necessidade para a extensão do prazo” e que a a Procuradoria
Geral do Estado está avaliando as providências cabíveis.
O
presidente da Comissão de Tributação da Alerj, deputado Luiz Paulo
(PSDB) — que defendeu a correção do cálculo após a realização de CPI que
apurava efeitos da gestão da Petrobras à economia do Rio — considerou o
pedido “uma lástima”. “O estado mais uma vez perde com este pedido de
adiamento do prazo”, disse. “Queremos só que a ANP respeite a fórmula de
cálculo que foi discutida na audiência pública de 10 de outubro de
2016. O Rio poderá arrecadar em torno de R$ 1 bilhão por ano”,
acrescentou.
Fonte: O Dia
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