Rio - Para conseguir avanços na tramitação da Reforma da Previdência
no Congresso, o presidente Michel Temer decidiu tirar da PEC 287 os
servidores estaduais e municipais. Pressionado por lideranças políticas,
Temer fez o anúncio às pressas ontem à noite no Palácio do Planalto.
Ele justificou a medida dizendo que é em respeito à autonomia dos
estados.
O presidente lembrou ainda que vários entes já enviaram
às Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores seus próprios
projetos que alteram a legislação previdenciária. Já o funcionalismo
federal — além dos trabalhadores do setor privado — será mantido na
proposta, que está na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.
“Vários
estados já providenciaram sua reformulação previdenciária. E seria uma
relativa invasão de competência, que nós não queremos levar adiante,
portanto disciplinando a Previdência apenas para servidores federais”,
declarou o presidente. “Desde os primeiros momentos da nossa posse,
dissemos que queríamos respeitar o princípio federativo. Reitero essa
intenção”, completou.-
Temer chegou a dizer ainda que estados e municípios farão a
reforma “se for necessário”, retirando a ideia de obrigatoriedade. Com a
decisão, professores das redes públicas estaduais, policiais civis, PMs
e bombeiros militares serão afetados posteriormente por reformas
específicas em seus estados — no caso de os governadores enviarem seus
projetos às Assembleias Legislativas.
O mesmo ocorrerá para
funcionários públicos dos municípios do país. Diante da forte
articulação que todas as esferas (municipal, estadual e federal) vêm
fazendo no Congresso, o governo sentiu a pressão. Agora, categorias de
servidores federais vão aumentar ainda mais a presença nos corredores do
Parlamento em Brasília para serem retiradas da reforma.
Contrapartidas serão mantidas
Sem previsão de ser votada na Câmara dos Deputados, a
recuperação fiscal dos estados — que suspende pagamento de dívidas com a
União por três anos — deverá ser aprovada sem alterações nas
contrapartidas que penalizam servidores.
Fontes da coluna
afirmam que esse é o trabalho da base governista do Rio. O argumento é
de que o Executivo já não consegue honrar com a folha e que as medidas
se fazem necessárias, pois são “estruturais”.
Entre as ações,
estão o aumento da alíquota previdenciária para 14%, e congelamento
salarial por três anos. O relator do texto, deputado Pedro Paulo
(PMDB-RJ), já afirmou que quer flexibilizar as contrapartidas, mas
relacionadas à privatização de estatais.
Mais opções para os estados escolherem
A
União determina que a privatização atingirá apenas três setores:
financeiro, de energia e de saneamento. Mas o relator Pedro Paulo quer
ampliar o item, dando aos estados opção de escolherem a estatal, seja de
qual setor for, que será vendida.
A recuperação fiscal
contempla entes em calamidade financeira (Rio, Rio Grande do Sul e Minas
Gerais). E quando a União exige que as privatizações são apenas de três
setores, determina que esses abram mão de suas principais empresas.
No
caso do Rio, a Cedae (área de saneamento) já pode ser vendida, já que a
Alerj deu autorização. No Rio Grande do Sul, a estatal seria da área
financeira: o Banrisul. E em Minas, o governo teria que privatizar a
Cemig, companhia de energia. Mas há resistências para isso. Agora, o
relator trabalha para chegar ao meio termo e abrir caminho para
convencer deputados. Mas as contrapartidas são impopulares e não há
muita expectativa para isso.
Alerj aprova
A
Comissão de Orçamento da Alerj aprovou ontem, por 5 votos favoráveis e 2
contrários — Luiz Paulo (PSDB) e Comte Bittencourt (PPS) — as contas de
2015 do governo. O parecer será votado no plenário. O TCE havia
aprovado as contas, mas com 16 ressalvas. Luiz Paulo justificou seu voto
afirmando que o estado teria feito uma ‘maquiagem’ ao considerar
depósitos judiciais como receita corrente líquida. “Essas contas
contaminaram de maneira abrupta as de 2016”, disparou.
Greve de policiais
A
Comissão de Segurança da Alerj se reunirá na segunda com Pezão para
encontrar uma saída para a greve de dois meses da Polícia Civil. Os
policiais querem o 13º e os salários em dia. A decisão foi anunciada
ontem em audiência com o secretário de Segurança, Roberto Sá. “A
perspectiva é que o governo sinalize com uma solução para as demandas da
categoria”, disse a presidente da comissão, deputada Martha Rocha
(PDT).
Licença-paternidade
Aprovado em 1ª
discussão na Câmara do Rio, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica, do
vereador Renato Cinco (Psol), que amplia a licença paternidade para 30
dias, foi retirado da sessão de ontem. A base governista quer apresentar
emenda reduzindo a 20 dias a licença. O aditivo deve ser entregue pelo
líder do governo, Paulo Messina (Pros). Já têm garantido 30 dias de
licença servidores estaduais e de Niterói.
Fonte: Jornal O Dia
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