O governo quer que a reforma da Previdência afete, sem distinção, os
membros da magistratura (juízes e desembargadores) e do Ministério
Público (procuradores e promotores), independentemente se eles estão na
esfera estadual ou federal.
Segundo o relator da proposta na
comissão especial que discute o tema, deputado Arthur Maia (PPS- BA), a
Constituição assegura a esses servidores o princípio da unicidade e,
portanto, não podem ter regras distintas de aposentadoria.
Os
demais funcionários estaduais e municipais ficarão na alçada dos
governadores e prefeitos — que terão seis meses, a contar da promulgação
da reforma, para aprovar mudanças nos seus regimes. O prazo foi
confirmado ontem pelo secretário de Previdência, Marcelo Caetano.
O
relator reiterou que o governo vai insistir na autonomia dos entes
federados. E observou que existem estados em pior situação financeira
que outros e que, nesses casos, a aprovação das medidas é ainda mais
urgente.
— Não vamos fazer legislação referente aos regimes
próprios. O governo vai deixar para que os estados façam nas suas
assembleias, de acordo com as suas possibilidades. — disse Maia.
O
deputado afirmou que não tem opinião formada sobre o prazo de seis
meses para que os entes façam suas reformas e disse que muitos são
contrários a essa obrigatoriedade.
Já Caetano afirmou que o
Congresso é soberano, mas que o governo trabalha com o prazo de seis
meses. Caso as mudanças não sejam feitas, será aplicada a legislação
federal.
— O prazo de seis meses é o que está vigorando agora —
disse Caetano após reunião do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha com
senadores da base aliada. Anteontem, os líderes da base informaram
no Planalto que ainda não havia essa definição. Caetano disse que o
governo está trabalhando no texto para compatibilizar a decisão do
presidente com a Constituição.
Em reunião ontem com senadores da
base aliada, o presidente Michel Temer pediu mais atenção deles no
embate com os discursos da oposição nos plenários da Câmara e do Senado.
Segundo o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima, Temer
reconheceu os problemas na comunicação sobre a reforma da Previdência, e
admitiu criar uma comissão de sistematização tripartite — com
representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário — para rediscutir
alguns pontos da proposta.
DIFICULDADES NA ALERJ Deputados
da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) afirmam que o governo estadual
não têm condições de aprovar mudanças tão duras no regime
previdenciário. A crise financeira, que fez o governo atrasar e parcelar
salários, reduziu o apoio ao governo de parte da base aliada na Alerj.
—
A reforma proposta pelo governo federal é plena e ampla. É mais
adequado que incorporemos as mudanças da União. Não teria por que se
indispor na Alerj para fazer a reforma em seis meses — diz o deputado
Paulo Melo (PMDB).
A previsão é de que o rombo nas contas do
Rioprevidência em 2017 cheguem a R$ 12 bilhões. Projeto apresentado pelo
governador, que prevê o aumento da alíquota de contribuição
previdenciária dos servidores estaduais de 11% para 14%, está parado,
ainda sem discussão. Neste cenário, diz o deputado de oposição Eliomar
Coelho (Psol), o governo não terá base para discutir a reforma em âmbito
local.
— Neste momento Pezão não tem nenhuma credibilidade para afirmar que aprovaria mudanças na previdência a toque de caixa.
Fonte: Jornal O Globo
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