A aprovação da recuperação fiscal dos estados na terça-feira pela
Câmara Federal ainda não garante vitória definitiva ao governo
fluminense. O regime suspende o pagamento das dívidas do Rio com a União
pelos próximos três anos. E a previsão é de ajuste nas contas estaduais
para 2017 de R$ 26,1 bilhões, segundo a Secretaria de Fazenda. E apesar
de o governador Luiz Fernando Pezão afirmar que é a solução para a
crise, ele tem um longo caminho pela frente.
À espera do aval
do Senado, Pezão ainda precisa submeter as contrapartidas exigidas pelo
regime ao crivo da Alerj. “O presidente do Senado, Eunício Oliveira
(PMDB-CE) me garantiu que vai levar o projeto imediatamente ao
plenário”, disse ontem Pezão. “Nosso principal objetivo (com o projeto) é
colocar os salários em dia”, acrescentou.
As contrapartidas da recuperação fiscal, no
entanto, impactam o funcionalismo e a promessa é de muito embate na
Alerj. Entre os projetos, estão o de aumento da alíquota previdenciária
de 11% para 14% e de criação de taxa extra e temporária (por três anos)
de 8%.
A recuperação fiscal exige ainda que o
estado acabe com benefícios e garantias que servidores estaduais têm e
os federais não. No Rio, o Executivo terá que propor fim do triênio e
licença-prêmio.
No ano passado, o estado enviou um
pacote de austeridade com 22 propostas, e apenas seis foram aprovadas e
sancionadas por Pezão. A maioria foi devolvida ou retirada de pauta.
E,
este ano, foi sob muita pressão que a Alerj aprovou o projeto de
alienação de ações da Cedae para garantia de empréstimo de R$ 3,5
bilhões. Até agora, o crédito não saiu.
Enquanto isso, ao que tudo
indica, a postura de parlamentares da Assembleia não mudou. Líder do
PSDB, Luiz Paulo afirmou que sua bancada manterá o posicionamento
contrário às propostas.
“A luta aqui vai ser muito grande, ainda
mais se tiver que aprovar (aumento da taxa previdenciária) antes de
acertar salário do funcionalismo”, opinou o deputado, que não descartou a
possibilidade de haver mudanças na redação do projeto pelo Senado:“O
ideal é que o empréstimo (de R$ 3,5 bi) seja concedido sem ter que
aprovar todas as contrapartidas”.
Oposição ao governo, o Psol
conta com cinco deputados e deve rejeitar todos os projetos que impactam
a vida do servidor. “Não vamos aceitar mais nenhum sacrifício imposto
aos servidores, que estão sem salário e 13º”, declarou o psolista
Eliomar Coelho.
Ele ressaltou que a legenda propõe outras
alternativas para aumento da arrecadação: “Insistimos que a saída está
na cobrança da Dívida Ativa, no ressarcimento pelas perdas da Lei Kandir
e abrir essa caixa-preta dos benefícios fiscais dados sem controle”,
enumerou.
Líder do PR — com três deputados —, Bruno Dauaire disse
que votará contra as propostas, mas destacou que ainda não fechou a
questão com a bancada. Ele votou sozinho contra a venda da Cedae.
“Compreendemos
que o ajuste fiscal é importante para o estado, mas não se pode
sacrificar o servidor. Com essas ações quase metade do salário dele será
corroído”, disse o deputado, que criticou as exigências do governo
federal. “A União poderia olhar para o estado de maneira diferente”.
Fonte: Jornal O Dia
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