Se o governo do Rio está a cada dia em busca de novos ou mais
recursos, essa semana poderá haver uma decisão que lhe garantirá receita
adicional de R$ 1 bilhão no ano. Na quarta-feira, o estado participa de
audiência de conciliação com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a
União, no Supremo Tribunal Federal (STF), em ação que cobra a revisão
dos royalties do petróleo.
A briga na Justiça começou há um ano,
quando o estado argumentou que os critérios de fixação mínima do preço
do barril do petróleo — e usados para cálculo dos royalties e
participações especiais pagos pelas petroleiras — estavam defasados.
Já
houve decisões favoráveis ao Rio do ministro Luiz Fux, do STF, mas nada
foi colocado em prática. E em março deste ano a ANP e a União pediram
adiamento do prazo para a implementação do novo cálculo, alegando que o
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) — vinculado ao governo
federal — tem que dar as diretrizes para isso.
Mas o que se diz nos bastidores do Executivo do Rio é que
há forte pressão do setor petroleiro na União. Representantes das
empresas argumentam que a medida vai afetar ainda mais a economia do
país e a fluminense, afastando investidores.
O estado, por sua
vez, usará como argumento a autonomia da ANP para implementar nova
fórmula, e que já foi declarada pelo ministro Fux.
“As empresas de
petróleo sempre disseram que não queriam ser tuteladas pela União na
fixação do preço do combustível. É autonomia para terem preços para
vender produtos, mas querem ter tutela para dizer sobre o preço da
matéria-prima? Essa contradição vamos levar ao STF”, declarou o
secretário da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, Christino Áureo,
em entrevista à Coluna do Servidor de 23 de abril.
O secretário
aponta o tempo de duração do processo e defende que não há mais motivos
para pedidos de adiamento. “Houve tempo e todas condições técnicas para
análise”, alega.
Deputado defende pagamento de valores não pagos há cinco anos
A
revisão das participações especiais e dos royalties pagos pelas
petroleiras ao estado é defendida há mais de um ano pelo presidente da
Comissão de Tributação da Alerj, deputado Luiz Paulo (PSDB). O
parlamentar vem levantando esse debate desde a conclusão da CPI
realizada na Alerj, em 2015, para apurar as perdas que o Rio amargou com
a administração da Petrobras.
Espero que esta seja a última
audiência, porque os interesses não serão conciliados e a cada mês que
passa o estado perde recursos que totalizariam no ano R$ 1 bi”, opinou
Luiz Paulo. Ele também defende que o estado deve pleitear,
posteriormente, valores retroativos referentes há cinco anos.
Vale
lembrar que a ANP chegou a abrir consulta pública, em janeiro de 2016,
para a discussão do tema. Mas logo em seguida, no mesmo mês, o CNPE
publicou resolução, assinada pelo então ministro de Minas e Energia,
Eduardo Braga, impedindo a medida. E, em abril, o estado foi ao STF pedir que a autonomia da agência para tratar do assunto fosse reconhecida.
Setor defende segurança jurídica
Parte
do processo, a Associação Brasileira de Exploração e Produção (Abep)
informou que manterá o posicionamento de que a revisão da fórmula “é
matéria de competência do CNPE, pois envolve política energética
nacional”. A entidade afirmou que se a revisão da fórmula for apoiada
pelo CNPE, a medida não deve ter aplicação sobre os contratos em curso,
alegando que afetaria a segurança jurídica.
A Abep aponta que há
razões de mercado para ser contra a revisão. Indica que para os campos
em produção, “notadamente os maduros”, o impacto pode até ser o do
encerramento de atividades, “pois a rentabilidade seria afetada à
patamares negativos”. “Royalties que hoje são arrecadados não o seriam
mais, além da redução de empregos”.
Apontou ainda que, para
leilões que se avizinham, o aumento das participações governamentais
pode afetar a atratividade de áreas a serem licitadas, impactando a
futura produção e arrecadação para os estados.
Procurada pelo DIA,
a ANP informou que não iria se manifestar no momento. O Ministério de
Minas e Energia limitou-se a dizer que participará da audiência com
representantes da União.
Fonte: Jornal O Dia
|