Em
pronunciamento na tarde de ontem, o presidente Michel Temer (PMDB)
afirmou que a gravação de que foi alvo foi “fraudulenta e manipulada” e
atacou o delator Joesley Batista, da JBS.
“Ele
cometeu o crime perfeito. Enganou os brasileiros e agora mora nos
Estados Unidos. Quero observar a todos vocês as incoerências entre o
áudio e o teor do depoimento. Isso compromete a lisura de todo o
processo por ele desencadeado.”
Temer
iniciou a sua fala citando reportagem da “Folha de S.Paulo”, publicada
ontem pelo Agora, que informa que Ricardo Caires dos Santos, perito
judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aponta em
laudo que a conversa entre Temer e Joesley sofreu mais de 50 edições. “A
perícia constatou que houve edição do áudio de minha conversa com o
senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e
adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos”, afirmou Temer, em
discurso lido por meio de teleprompter.
Segundo
ele, a acusação de corrupção sobre ele é “pífia”. “O governo não
atendeu a seus pedidos [os de Joesley]. Portanto, não se sustenta a
acusação pífia de corrupção passiva”, afirmou.
Temer
também citou as reformas em curso e a melhoria em indicadores
econômicos. “Meu governo tem rumo. O Brasil não sairá dos trilhos, eu
continuarei à frente do governo”, afirmou.
Temer,
trajando camisa social e sem gravata, confirmou que vai pedir ao
Supremo a suspensão do inquérito até que sejam avaliadas as gravações —o
pedido oficial foi feito ontem mesmo, à tarde, por sua defesa.
Lava Jato
Este
foi o segundo pronunciamento do presidente desde que veio à tona o
conteúdo das delações de Joesley Batista e de outros executivos da JBS.
Em uma das gravações, Temer daria aval a um pagamento para comprar o
silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio
Funaro —os dois já estavam presos pela operação Lava Jato.
A
partir das gravações, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu a abertura de investigação ao Supremo Tribunal Federal por ter
identificado indícios de três crimes: obstrução de Justiça, corrupção
passiva e organização criminosa.
Fonte: Folha de S. Paulo