Após inúmeras conversas entre os Poderes estaduais e o Tesouro
Nacional, o governo Pezão conseguiu aprovar ontem na Alerj, por 49 votos
a favor e 10 contra (e duas abstenções), o projeto do teto de gastos.
Essa era a última exigência da União para o Rio aderir ao Regime de
Recuperação Fiscal. Com isso, o estado espera acertar os salários —
incluindo o décimo terceiro — até setembro.
A previsão segue os
seguintes prazos: dentro de 15 dias sai a homologação do acordo pela
União, e, além disso, em até 60 dias o empréstimo de R$ 3,5 bilhões —
que terá as ações da Cedae como garantia —, chegará ao Estado do Rio.
O
Executivo tenta, agora, acelerar esse processo. O projeto foi ontem
para o Palácio Guanabara e, até o fechamento desta edição, não houve
sanção. Assim, o texto será sancionado hoje pelo governador Luiz
Fernando Pezão. A publicação no DO será na segunda, e, assim, ele vai a
Brasília para assinar o plano.
“Depois de assinado o acordo, a expectativa é, com o
crédito, regularizar pagamento dos servidores”, declarou o secretário de
Fazenda, Gustavo Barbosa. “O que falo para o servidor é que está mais
perto do problema ser solucionado. Após a assinatura do acordo, a
expectativa é de 45 a 60 dias para o crédito sair. No máximo em
setembro, mas vamos trabalhar para que ocorra antes”, acrescentou.
Barbosa
participou do colégio de líderes, junto com o secretário da Casa Civil,
Christino Áureo, e do relator da recuperação fiscal na Câmara, Pedro
Paulo (PMDB-RJ). A reunião continuou mesmo com o início da votação, pois
ainda havia detalhes a serem fechados com o Tesouro Nacional.
Representantes dos Poderes, MP e Defensoria estavam presentes.
O
problema apontado pelo órgão federal era a preservação dos Fundos
Especiais dos órgãos. Por isso, o texto final trouxe exigência: se
houver sobras de recursos repassados (duodécimo) ao órgão pelo estado,
essas verbas ficarão sujeitas ao limite de gastos.
Pezão acredita que, com a aprovação, o estado
formalizará a adesão ao regime semana que vem. “Tudo o que a União pediu
fizemos e fomos até além (com aumento da contribuição previdenciária)”,
declarou ele, que complementou: “É um acordo que mostra nossa
capacidade de diálogo no Congresso e na Assembleia”.
Entenda
O
texto limita despesas obrigatórias (majoritariamente com pessoal) dos
Poderes e órgãos. Com costuras políticas de Pedro Paulo e Marfan Vieira —
representante do MP — com o Tesouro, a redação final estabeleceu como
referência para o ‘limitador’ dos gastos de 2018 as despesas
obrigatórias de 2015 com a correção de 15,27%.
“Esse
é um dos projetos mais importantes do estado nas últimas décadas”,
declarou o relator, dizendo que o regime será o “instrumento” para o Rio
“debelar a crise”. Alguns deputados da oposição, como o líder do
Psol, Marcelo Freixo, e o do PT, Gilberto Palmares, criticaram as
alterações, alegando que só o Poder Executivo sofrerá com esse projeto.
“Os
fundos dos Poderes ficam intactos e o Executivo pagará a conta, e não
poderá investir mais”, afirmou Freixo. “Teto é mentira, porque na
verdade será apenas para o Executivo, que é responsável pela folha dos
inativos, dando mais folga a outros Poderes”, opinou Gilberto Palmares.
O
secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, rebateu as críticas, e disse
que o projeto está de acordo com o que é necessário para o estado se
recuperar. “O teto é para o Estado do Rio. Então, abrange todos os
Poderes”, disse. Onze destaques apresentados pela oposição foram
rejeitados pela maioria da Casa.
Mais R$ 32 milhões ao ano
Uma
liminar concedida ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Estado
do Rio poderá acelerar o pagamento de aposentados e pensionistas do Rio.
A Procuradoria Geral do Estado (PGE) conseguiu a garantia da correção
monetária no pagamento de royalties de petróleo e gás para o Rio, o que
vai gerar uma arrecadação de R$ 32 milhões aos cofres por ano.
A
liminar, do ministro Marco Aurélio Mello, determinou que as
transferências dos valores referentes às commodities devidos ao estado
sejam realizadas com “a atualização referida pelo Banco Central a título
de correção monetária”, a partir de hoje, quando a decisão será
publicada.
Os recursos dos royalties e participações especiais
são usados para pagar aposentados e pensionistas. Por isso, a chegada
do dinheiro deverá garantir o crédito para esse grupo.
Fonte: Jornal O Dia
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