As negociações entre o governo do Rio e a Secretaria do Tesouro
Nacional para a adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal podem
se encerrar na semana que vem. Essa é a expectativa do governador Luiz
Fernando Pezão, que, à coluna, disse que “tem muita burocracia a ser
vencida”.
O secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, vem
apresentando estudos financeiros para fechar a conta do ajuste de R$ 26
bilhões previsto aos cofres este ano. Conforme a coluna informou na
última terça-feira, ainda restam algumas medidas a serem implementadas
para que o estado gere uma receita extraordinária capaz de fechar o
cálculo.
Segundo fontes, essas ações devem vir de mais cortes de
despesas e uma nova rodada de revisão de incentivos fiscais. Depois que
o estado acertar os últimos itens com o Tesouro, entrará com o pedido
de adesão à recuperação fiscal junto ao Ministério da Fazenda. A pasta
tem o prazo de 15 dias para dar parecer autorizando a assinatura.
A
recuperação fiscal é apontada por Pezão como a única saída do Rio para a
crise. O regime suspende o pagamento da dívida do estado com a União
por três anos (e o prazo é prorrogável). Este ano, essa suspensão
representa um alívio de R$ 6,5 bilhões para os cofres.
O
plano também prevê o empréstimo de R$3,5 bilhões ao estado, tendo as
ações da Cedae como garantia. Os recursos serão usados para acertara
folha do funcionalismo, incluindo o décimo terceiro salário do ano
passado.
Sem salários
Ativos, inativos e
pensionistas do Executivo amargam, mês a mês, atrasos salariais. O
estado deve o salário de abril a 97 mil — são necessários R$217,3
milhões. E para terminar de pagar maio — quitado só para Segurança
(todos), Educação (ativos), Fazenda (ativos) e PGE —, são necessários R$
575 milhões. E para depositar o 13º, é preciso R$ 1,2 bi.
Risco de pararem
Entre
os mais atingidos com os atrasos salariais estão universidades e Faetec
(que são da Secretaria de Ciência e Tecnologia), e a Cultura. Diante da
situação calamitosa, os reitores das Uerj, Uenf e Uezo enviaram carta
ao secretário de Ciência e Tecnologia, Pedro Fernandes, com um alerta:
se os débitos não forem quitados, não haverá aula no 2º semestre.
Calendário atrasado
As
três universidades estaduais do Rio estão ainda encerrando o 2º
semestre de 2016, que começou em abril. O calendário atrasado se deu por
conta de uma longa greve, no ano passado, quando os docentes e técnicos
já reinvidicavam o pagamento em dia, entre outros itens. As bolsas a
alunos também não estão sendo pagas.
Endividamento
Em
assembleia realizada ontem pela Asduerj, docentes da Uerj foram
categóricos: não vão trabalhar a partir de 1º de agosto se os atrasados
não forem quitados. “Precisamos receber nosso salário. Os professores se
endividaram para poder trabalhar e não têm de onde tirar dinheiro”,
disse a presidente da associação, Lia Rocha.
Seropédica
Professores
do Município de Seropédica fizeram ato ontem pedindo o Plano de Cargos e
Salários e antecipação da 1ª parte do 13º da categoria. A prefeitura
alegou que, por causa da crise, “com reflexos diretos nos repasses da
União e estado”, ainda não há condições de implementar a lei que criou,
no final do governo passado, o plano.
São João da Barra
A
Prefeitura de São João da Barra informou que pagará hoje o salário de
dezembro de 2016 e metade do 13º salário do ano passado a servidores
contratados. A medida foi possível, de acordo com a Secretaria Municipal
de Administração, “após a realização de auditoria em todos os
contratos, nas diferentes secretarias”, informou a prefeitura.
Fonte: Jornal O Dia
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