Nos cinco primeiros meses de 2017, o governo do Rio pagou à Riocard como subsídio do Bilhete Único um total de R$ 177 milhões.
Na
"Ponto Final", os investigadores do Ministério Público Federal (MPF)
identicaram os destinatários de R$ 260 milhões em propina pagos pela
Fetranspor. Quase a metade foi para o ex-governador Sérgio Cabral (R$
122 milhões). Segundo os procuradores, porém, o esquema movimentou cerca
de R$ 500 milhões, envolvendo também autoridades com foro privilegiado,
e por isso ficaram excluídas da operação.
Investigações apontam que conselheiros do Tribunal de Contas
do Estado (TCE-RJ) e deputados estaduais também receberam da Riocard.
- A Fetranspor não perde votação na Alerj. Essa foi só mais
uma delas, e semana passada. Era uma coisa simples, queríamos a
comprovação detalhada das despesas. Transparência para eles é uma
palavra diabólica - diz o deputado Eliomar Coelho (PSOL), um dos que
votaram pela aprovação da emenda.
Esse novo desdobramento da Lava-Jato no Rio pode aumentar a
pressão sobre os deputados para cobrar mais transparência na relação do
governo com as empresas de ônibus.
- Se esta emenda tivesse sido votada nesta semana agora,
acho que teria mais chance de passar. O valor é muito alto e a
transparência é pouca. Aliás, a Riocard assumiu a operação do Bilhete
Único sem passar por um processo licitatório - acrescenta o deputado
Luiz Paulo (PSDB), outro que também votou a favor da emenda.
A base do governo foi majoritariamente contra. Integrante da
bancada do PMDB, Paulo Melo, diz que rejeitou a proposta por uma
questão formal.
- Isto é matéria de Lei Orçamentária, para ser decidida lá
na frente. Está errada na forma, não tem que ser decidido no debate de
diretrizes do Orçamento, que é uma fase anterior - disse, sem se
comprometer a apoiar a proposta quando o Orçamento for votado.
- Não teria problema nenhum em votar a favor, é questão de formar convicção, é preciso ver.
Atualmente, o Bilhete Único custa R$ 8 e dá direito aos
passageiros de usar os transportes públicos do estado por três horas. A
Riocard repassa ao governo o valor gasto que excede a tarifa e o governo
cobre a diferença, em forma de subsídio. Em 2017, segundo a secretaria
estadual de Transportes, os repasses à Riocard têm sido de R$ 35,4
milhões por mês, em média, contando os cinco modais (ônibus, van, trem,
barca e metrô).