Jungmann defende força-tarefa para fazer

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu, em entrevista à Rádio CBN (ouça o áudio), no Rio, nesta terça-feira, a criação de uma força-tarefa, integrada por Polícia Federal, Ministério Público federal e Justiça Federal, para fazer uma “assepsia” no Rio. Segundo ele, parte do poder público do estado foi capturada pela criminalidade.

— O Rio de Janeiro tem um problema que é a criminalidade, mas tem um outro, que é aquela parte do poder público que foi capturada pelo crime. O crime conseguiu se infiltrar nas diversas esferas governamentais do Rio. Isso existe nos outros estados; o Rio não é exceção. E não existe só nas forças policiais, é muito mais amplo, como acabamos de ver no caso do Tribunal de Contas do Estado — afirmou o ministro.

 

FORÇAS ARMADAS NO RIO

Jungmann disse que “o crime organizado tem capacidade de colocar no Legislativo e em outras esferas os seus representantes”:

— Você tem cerca de 800 comunidades no Rio, de uma forma ou de outra, sob o controle do crime organizado. Ora, quem controla o território tem voto, quem tem voto elege seus representantes ou aliados. A maioria dos políticos seguramente não tem nada com isso. Ele (o eleito) passa a ter capacidade de indicar para cargos. É o eu que chamo de coração das trevas. Por isso, defendo há tempos uma força-tarefa integrada com a Polícia Federal, o Ministério Público federal e a Justiça Federal, que durante alguns anos faria uma assepsia no Rio, tirando do crime organizado esta parte do estado que foi capturada.

Procurado, o governo do estado informou que não comentaria as declarações de Jungmann. Na semana passada, o ministro anunciou que as Forças Armadas vão atuar em apoio ao combate à violência no Rio. Sem revelar a data do início da operação, Jungmann disse que ele, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e um representante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) vão se revezar no Rio durante permanência dos militares no estado. Ele acrescentou ainda que o início das ações depende de um decreto que deverá ser assinado nos próximos dias pelo presidente Michel Temer.

— Nosso grande objetivo é golpear a criminalidade. Nesse sentido, baseado na inteligência para chegarmos até o comando do crime, a surpresa é fundamental. Não será uma única operação; serão sucessivas ações. Serão integradas entre as polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal, até o fim de 2018 — destacou.

O ministro, que faz questão de frisar que as Forças Armadas vão atuar em apoio às polícias estaduais, não revela o número de homens que vão ser empregados nem o custo da operação:

— Se houver necessidade, haverá patrulhamento ostensivo (nas ruas). Quando você tem um policiamento ostensivo dá a sensação de segurança, de conforto ao cidadão, mas isso é por tempo determinado. É uma sensação de segurança quando você vê um soldado patrulhando a rua, mas isso quer dizer férias para o bandido, porque ele sabe que é por tempo limitado. Então, ele simplesmente se retrai e volta em seguida à nossa saída.

Outra questão destacada pelo ministro na entrevista à rádio CBN foi o custo das operações realizadas pelas Forças Armadas. Segundo ele, o governo gastou R$ 400 milhões para manter o Exército por um ano e meio no Complexo da Maré em 2015 e 2016. Já na Olimpíada, quando foram empregados 23 mil militares, o valor chegou a R$ 3 bilhões.

Questionado sobre o fato de o Comando Militar do Leste (CML) ter afirmado anteontem ao GLOBO que ainda não tinha recebido qualquer orientação sobre o início das operações no Rio, Jungmann rebateu:

— Se ele receber ou não receber, ele não tem autorização para divulgar nada.

 

PRESOS MONITORADOS

Além da força-tarefa para fazer a “assepsia” no Rio, o ministro também defendeu a instalação de escutas nos parlatórios dos presídios, para monitorar todas as conversas dos presos. Segundo ele, as cadeias em todo o país se tornaram uma espécie de home office do crime organizado:

— É preciso cortar a comunicação do comando dos bandidos com o crime organizado que está nas ruas. Isso só acontecerá se todas as conversas forem devidamente registradas, se tudo que se fala ali for devidamente gravado e, assim, poderá ser requisitado pelo juiz. É preciso romper esta comunicação entre o chefe e o crime.

Fonte: Jornal O Globo

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