Presidente da OAB-RJ
Rio - Está em discussão na Alerj a PEC 60, que cria novo tribunal de
contas, com a função de fiscalizar as contas dos 91 municípios
fluminenses. A justificativa é a falta de credibilidade do Tribunal de
Contas do Estado – que hoje fiscaliza o governo do estado e os
municípios.
A intenção dos deputados proponentes é boa, mas o caminho não é
adequado. Já que não podem retirar os conselheiros do TCE, partiram
para retirar-lhes parte das atribuições do tribunal, criando outro.
Algo assim, diz a piada, como tirar o sofá da sala.
Em que pesem as louváveis intenções dos parlamentares signatários da
proposta – o TCE é mau prestador de serviços e investigam-se supostas
práticas de corrupção por parte de conselheiros – a situação não pode
ser resolvida como prevê a PEC 60.
Além de padecer de vício de iniciativa, pois a competência para propor
mudanças na estrutura do tribunal é dele próprio, e não do Poder
Legislativo, a PEC fere a cláusula pétrea da Constituição de separação
dos poderes, ao interferir na organização do Judiciário.
Além disso, a criação do tribunal significaria aumento de gastos
públicos, por mais que não queiram os proponentes. E que garantias há
de que o novo órgão não vá, também, tornar-se instrumento para servir a
interesses de grupos políticos?
Caso a Assembleia aprove a PEC, o Rio de Janeiro será o único ente da
federação a ter três tribunais de contas: um do estado; outro para a
capital e o terceiro para os demais municípios. Só para lembrar, a
União dispõe de um, o TCU, para todo o Brasil.
Reconhecemos as boas intenções dos deputados estaduais diante dos
problemas do TCE, mas, por melhores que elas sejam, não é este o melhor
caminho.
Essa notícia foi publicado na terça-feira, 09 de março de 2010.