O governo federal espera que o Tribunal de Contas da
União (TCU) analise com rapidez os estudos financeiros do novo plano de
concessões de rodovias e ferrovias, disse ontem, em Brasília, a
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, depois de mais de duas
horas de reunião com os ministros do tribunal.
“Nós expusemos os prazos, falamos que são importantes para
entregarmos os resultados à população e ao país. O tribunal tem sempre
colaborado conosco”, afirmou a ministra, que estava acompanhada pelo
ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e por diretores das
estatais Valec e Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
Segundo a ministra, o novo modelo de concessão de ferrovia, que
envolve parcerias público-privadas e a reformulação do papel da Valec, é
o ponto mais desafiador do plano anunciado. “As concessões de rodovias
já são mais familiares. O modelo para as ferrovias é diferenciado.
Obviamente, vai gerar uma dedicação maior por parte do tribunal”, disse
Gleisi.
A ministra explicou que o encontro com os ministros do TCU serviu
apenas para fazer uma apresentação sobre os projetos de concessão de
rodovia e ferrovia do plano de logística. O governo, segundo ela, não
teria interesse em pressionar o tribunal para agilizar a análise dos
estudos.
O presidente do TCU, o ministro Benjamin Zymler, também considera o
novo modelo de concessão de ferrovias do governo uma “grande novidade”.
Um dos fatores que aumentam a complexidade do modelo, segundo Zymler, é a
adoção de parcerias público-privadas para uma concessão que envolve
construção e operação de ferrovias. O ministro também fez referência à
mudança de papel assumido pela estatal do setor.
Zymler afirmou que o órgão de controle estará receptivo à nova
proposta do governo. “É algo totalmente novo, que precisa ser bem
detalhado e bem estudado. O tribunal deve apreender e, eventualmente,
sugerir e recomendar, de forma que possa haver um aperfeiçoamento do
modelo.”
Ao ser questionado sobre o cumprimento dos prazos, Zymler ressaltou
que o tribunal tem duas unidades técnicas que só cuidam dos estudos
econômico-financeiros dos projetos de concessão do governo. “Elas estão
estudando e analisando, de forma que, quando surgir o momento de análise
de uma concessão, essa análise possa ser feita da forma mais rápida
possível”, disse.
Segundo o presidente do TCU, o prazo de análise depende muito mais do
estado dos projetos apresentados pelo governo. “Tudo depende da
qualidade do projeto e dos estudos que nos é oferecido. A rapidez do
tribunal depende da qualidade. Essa é a questão fundamental. Por isso,
já estamos tratando com o governo e buscando entender o modelo, para que
esse tempo seja reduzido dentro do limite do possível”, afirmou Zymler.
O ministro afirmou também que a criação da EPL gera a expectativa de
melhora na qualidade dos projetos de rodovias e ferrovias do governo
federal.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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