Fica
mais nítida a banda podre da política fluminense à medida que se
aproximam as eleições. Balanço publicado pelo GLOBO mostra diversas
manifestações da degradação na esfera político-partidária em todo o
Grande Rio, sem excluir a capital. Há de tudo, cenas de faroeste,
pistolagem e de máfias em ação.
A atuação de milícias formadas por
policiais, bombeiros e agentes penitenciários, quase exclusivamente, é
comprovada na Zona Oeste do Rio e em municípios da Baixada como São João
de Meriti, Caxias e Belford Roxo. Sua presença na exploração de
serviços de transporte clandestino e na substituição do tráfico na
subjugação de bairros e favelas não é de hoje, mas ela parece crescer na
região metropolitana.
Vistas por ingênuos como um “mal menor”,
por expulsarem o tráfico de comunidades, as milícias são séria ameaça ao
estado de direito por se constituírem de criminosos infiltrados na
máquina pública. Vive-se com o inimigo em casa. Parece não ter sido
difícil, para essas máfias, subir de status e começar a obter assentos
em casas legislativas com os votos de cabresto das comunidades
subjugadas. Há casos de “políticos” milicianos presos, mas o movimento
de infiltração nos aparelhos de Estado continua.
A Justiça
Eleitoral tem sobrecarga de trabalho na região metropolitana, e é
forçada a trabalhar com o apoio de forças policiais, dada a mistura de
política com criminalidade. Em Itaboraí, carro do coordenador de
campanha foi atingido por tiros. Em Nova Iguaçu, político e
correligionários foram atacados por traficantes quando faziam
panfletagem. O candidato à reeleição em Japeri, Ivaldo Santos, Timor,
(PSD) é suspeito de ter mandado matar um desafeto político. Já em
Guapimirim, o prefeito Renato Costa Mello (PMDB) está preso e a
candidata Ismeralda Garcia da Costa (PMDB), foragida, depois de
literalmente assaltarem os cofres da prefeitura.
Tudo é resultado
de uma longa degradação ocorrida na política, em especial a fluminense,
devido à leniência populista com a perda de qualidade da representação
pública. O próprio populismo ajuda nesta degradação, ao praticar um
clientelismo desbragado. Com o Estado sem anticorpos para proteger a
vida pública, pavimentou-se a entrada do crime na política.
Luiz
Zveiter, presidente do TRE-RJ, tem razão quando diz que apenas a Ficha
Limpa não resolve. Até porque ela só pode ser aplicada em casos de
condenados por colegiados. Mas é um instrumento importante, a ser
reforçado com outros.
O julgamento do mensalão ajuda, como
provável marco da reação na sociedade contra a corrupção na política, da
qual a Ficha Limpa é fruto. Porém, mais que um símbolo, precisa ser um
delimitador efetivo na luta contra a infiltração do crime na política,
com a reforma de legislações para reforçar e ampliar o dique
institucional destinado a conter e reverter a contaminação da vida
pública por uma delinquência variada — movida por ambições pecuniárias,
por ideologias autoritárias ou ambas.
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