Um dia depois de o presidente interino do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Ricardo Lewandowski, conceder liminar prorrogando por
cinco meses as regras atuais de distribuição do Fundo de Participação
dos Estados (FPE), o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
continuou polemizando o assunto, ao declarar que não considera esse
prazo um ultimato para o Congresso aprovar os novos critérios de repasse
exigidos pelo Judiciário.
O
clima azedou porque, antes de Lewandowski tomar a decisão, pediu
explicações a Sarney sobre a demora para aprovar a lei. A resposta do
Senado foi dura. Os advogados da Casa argumentaram que o Judiciário não
deveria se intrometer em assunto do Legislativo.
Ontem, Sarney
disse que a decisão do STF afeta apenas o Poder Executivo, a quem cabe
fazer os pagamentos. Mesmo assim, disse acreditar que o Senado chegue a
um entendimento sobre o assunto já no mês que vem.
— O despacho do
ministro não dá prazo para o Congresso. Ele mantém a decisão de nova
regulamentação e diz que, durante cinco meses, serão mantidas as atuais
regras. É mais dirigido ao Executivo — afirmou Sarney, que deixará a
presidência do Senado em 1º de fevereiro.
Em fevereiro de 2010, o
STF considerou inconstitucional a regra de partilha do FPE e deu prazo
até 31 de dezembro de 2012 para que o Congresso aprovasse nova lei. Como
isso não ocorreu, Lewandowski concedeu liminar anteontem autorizando o
governo a manter a antiga regra de divisão do fundo por um prazo máximo
de 150 dias. A decisão foi tomada diante de uma ação proposta pelos
governos da Bahia, Maranhão, Minas e Pernambuco pedindo a manutenção dos
antigos critérios de rateio até que o Congresso aprove outra fórmula.
A
lei que estabeleceu regras para a divisão do FPE foi aprovada em 1989
e, segundo os ministros do STF, não levou em consideração as mudanças
socioeconômicas ocorridas nos últimos anos. A nova lei deve levar em
conta o índice de desenvolvimento de cada unidade da federação, para
promover o equilíbrio nacional. Mas não houve acordo para aprovar a
mudança. A indefinição gerou uma insegurança jurídica.
— Estamos
em fase final de ajustes. Não vejo por que não resolver até em
fevereiro, se houver boa vontade das bancadas — disse Sarney.
Na
decisão, Lewandowski explica que os estados têm direito ao repasse e,
sem uma regra clara, os recursos poderiam ficar comprometidos o que
poderia causar “inaceitável paralisação de serviços públicos
essenciais”.
Relator do projeto de mudança do FPE, o senador
Walter Pinheiro (BA) chegou a apresentar uma proposta, mas não houve
acordo. O texto estabelece que, nos próximos anos, todas os estados
receberão, no mínimo, o mesmo valor que obtiveram em 2012, corrigido
pela inflação. Mas qualquer arrecadação que ultrapasse esse montante
seguirá uma nova base de cálculo, pela qual 15 das 27 unidades receberão
percentuais menores que os atuais, inclusive o Rio.
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