A estratégia da bancada paulista da Câmara dos Deputados de evitar a
tramitação da emenda constitucional que autoriza a cobrança de ICMS
sobre o comércio eletrônico no Estado de destino também é benéfica ao
Rio de Janeiro. Os deputados do Estado trabalham para que todas as
alterações no pacto federativo, discutidas atualmente na Casa, sejam
analisadas em bloco. Neste momento, é crucial para o Rio, por exemplo, a
votação dos vetos da presidente Dilma à redistribuição dos royalties
dos campos de petróleo já licitados.
O deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ), líder da bancada fluminense,
lembra que atualmente estão em tramitação na Câmara quatro temas que
modificam o pacto federativo. São eles a medida provisória que
redistribui os royalties do petróleo, o projeto de lei complementar que
discute o Fundo de Participação dos Estados (FPE), a medida provisória
que propõe a unificação das alíquotas do ICMS e o projeto de lei que
modifica a forma de aprovação dos incentivos no Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz) e também altera a forma de incidência dos
juros sobre a dívida dos estados. "Neste primeiro semestre de 2013, os
deputados têm todas as oportunidades para entregar uma legislação
tributária equilibrada. O pacto federativo está na mesa. Só não
resolve, se a gente não quiser".
Hugo Leal apoia a estratégia paulista, apesar de acreditar que a
mudança do ICMS do comércio eletrônico deva vir. "A maioria ganha. O
imposto é de circulação de mercadorias. Se a mercadoria sai de São
Paulo e passa pelo Rio, o Estado também tem que receber". Para ele, o
comércio eletrônico está tirando o cliente das lojas e São Paulo é o
maior beneficiado com isto. "Em alguns casos, pode haver queda de
arrecadação", afirma. O deputado lembra que no Rio também há centros de
distribuição e, por isso, o Estado não é tão prejudicado. "No
Nordeste, às vezes, há também um entreposto. Mas não em todos os
Estados, que deixam de receber quando o produto vai direto de São Paulo
para o consumidor, por exemplo", argumenta Leal.
Como a Constituição já prevê exceções, como no caso do petróleo e da
energia, que têm o ICMS cobrado no destino, a mudança também deverá
ser por emenda constitucional. Mas deve acontecer, segundo o líder da
bancada fluminense, dentro de um conjunto de modificações tributárias
que estão sendo discutidas na Câmara. "É impossível discutir isso
separadamente. No caso da unificação das alíquotas do ICMS, São Paulo e
Rio serão os maiores beneficiados, porque são os Estados com maior
infraestrutura", prevê. "É essa a lógica do reequilíbrio da
arrecadação. Temos que tirar de um lado e repor de outro", afirma.
Hugo Leal conta ainda que o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) apoia
a estratégia da bancada fluminense. "Recebo sempre técnicos da
Secretaria de Fazenda no meu gabinete para debater os temas e
apresentamos emendas", diz o deputado.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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