O IBGE divulgou ontem o PIB de 2012. Os resultados foram muito fracos, como se esperava. A economia cresceu 0,9%; o PIB per capta apenas 0,1%. A formação brutal de capital fixo caiu 4%, indicando recuo da capacidade produtiva.
Pouco se salva em termos de resultados no ano calendário. No entento, quando se avalia a evolução ao longo do ano, especialmente no último trimestre, o quadro se revela um pouco mais favorável.
Tornando-se o PIB trimestral, comparado com o trimestre anterior e ajustado para excluir a influência de fatores sazonais, verifica-se que houve gradual recuperação da economia ao longo de 2012. Nessa base de comparação, a taxa anualizada de crescimento do PIB passou de 0,5% no primeiro trimestra para 1,5% no segundo e terceiro trimestre e alcançou 2,2% no trimestre final. Nenhuma maravilha, mas a tendência de recuperação parece clara.
Outro sinal positivo foi um começo de reação de investimento, que voltou a crescer no último trimestre de 2012 depois de quatro trimestres consecutivos de queda.
A expectativa predominante é essa retomada de atividade econômica continue e ganhe força em 2013 e 2014. Projeções do mercado, coletadas pelo Banco Central, indicam crescimento do PIB brasileiro um pouco acima de 3% neste ano e de 3,6% em 2014. As projeções do FMI são semelhantes: 2,3% para 2013 e 4% para 2014.
A chave continua a ser a recuperação dos investimentos públicos. O investimento produtivo - em máquinas, equipamentos e construção - é ao mesmo tempo um componente de demanda agregada e um dos determinantes da oferta agregada, isto é, do potencial produtivo da economia.
Desse ponto de vista, o desempenho da economia brasileira não tem sido satisfatório. É verdade que a taxa de investimento, definida como a relação entre a formação bruta de capital fixo e o PIB, foi mais alta nos últimos cinco anos, quase 19% em média no período 2008 - 2012 contra 16% no quinquênio anterior. Nos anos mais recentes, entretanto a tendência tem sido de queda de 19,5% em 2010 para 18,1% em 2012.
Ainda que a relação incremental capital-produto seja mais baixa agora do que foi em décadas anteriores, será provavelmente impossível conciliar crescimento econômico sustentado, em ritmo elevado, com uma taxa de investimento na faixa de 18% a 20%.
Torna-se assim crucial assegurar a ampliação dos investimentos públicos no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e fazer deslanchar o ambicioso programa de concessões, que abrange áreas como estradas, ferrovias, portos, aeroportos, óleo e gás, hidroelétricas e distribuição de energia.
O Brasil ainda é um país em desenvolvimento, com longo caminho a percorrer. Não pode se contentar com pouco.
Fonte: Jornal O Globo
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