Integrantes de Combate à corrupção Eleitoral (MCCE) reúnem-se,
na tarde de hoje na sede do Conselho Federal de Contabilidade, em Brasília,
para definir estratégias de mobilização contra a tentativa de alteração de
alguns dispositivos da Lei da Ficha Limpa. A Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participam do
encontro.
O juiz Márlon Reis, do MCCE, um dos idealizadores da
legislação, informou que o grupo teve acesso, durante o fim de semana, à
proposta de lei complementar que pode ser apresentada hoje no colégio de líderes
e, posteriormente, no plenário da Câmara. Na opinião dele, o texto, que trata
também de outras questões eleitorais, é uma tentativa direta de afrouxar a Lei
da Ficha Limpa. “Analisamos a proposta de mudança e verificamos que a alteração
tem o objetivo de amenizar o efeito da legislação. A reunião de amanhã (hoje)
tem como tem como foco definir ações
para tentarmos impedir que isso aconteça”. Afirmou Márlon Reis.
Vice-líderes Coordenado pelo deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), o grupo de
trabalho responsável pela alteração de um dos dispositivos da Ficha Limpa,
formado a partir de determinação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), é composto por vice-líderes partidários. O texto proposto beneficia
prefeitos que ordenaram despesas e foram condenados por tribunais de contas,
mas que não tiveram os gastos rejeitados pelas câmaras municipais.
“ O meu conselho é simples. Basta que os prefeitos não
passem mais a agir como ordenadores de despesas. O chefe do executivo não pode
mais andar com o talão de cheques (da prefeitura) nas mãos”, ressalta Márlon
Reis. O magistrado comunicou que os integrantes do MCCE pretendem conversar com
os parlamentares para tentar barrar a alteração.
“O meu conselho é simples. Basta que os prefeitos não passem
mais a agir como ordenadores de despesas. O chefe do executivo não pode mais
andar com o talão de cheques (da prefeitura) nas mãos”, ressalta Márlon Reis. O
magistrado comunicou que os integrantes do MCCE pretendem conversar com os
parlamentares para tentar barrar a alteração.
Na tarde de ontem, ao ser questionado se iria apresentar a proposta
no colégio de líderes, como havia prometido na semana passada , Vaccarezza
demonstrou irritação, “Não existe nenhuma divergência. Não se trata de minirreforma.
Eu sou apenas coordenador do grupo. Até o PSDB concorda. Está tudo quadrado. Não
sei nem se vou mais apresentar esse ponto (alteração de um dispositivo da Ficha
Limpa) que vocês estão falando”, declarou.
Em uma rede social, o deputado respondeu a um usuário que o
questionou sobre a proposta. Vaccarezza escreveu que, em relação a Ficha Limpa,
o projeto pretende alterar apenas um ponto. “ Não existe minirreforma da Ficha
Limpa e muitos estão falando contra somente para aparecer. A alteração proposta
é somente num único ponto para tornar mais legítima e melhor aplicável”,
afirmou.
De acordo com a Constituição, os gastos dos administradores
e demais responsáveis pelo dinheiro, bens e valores públicos devem ser julgados
pelo Tribunal de Contas. A Lei da Ficha Limpa determinou que a regra também se
aplica aos chefes do Executivo que chamam para si a tarefa de assinar empenhos
e ordens bancárias de pagamento, por exemplo.
Na prática, a regra atinge prefeitos de municípios pequenos.
Pelas normas atuais, caso condenados pelos tribunais de contas, os mandatários municipais se tornam inelegíveis
nos oito anos seguintes à data da decisão. O projeto de lei complementar que
pode ser discutido na reunião dos líderes da Câmara na semana que vem altera
esse dispositivo, prevendo que o prefeito só se torna inelegível se o
legislativo municipal condenar as contas.
A tentativa do Congresso de alterar o texto para beneficiar
gestores com contas rejeitadas é uma investida para formalizar um entendimento
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já tem livrado da guilhotina
prefeitos que, mesmo reprovados pelos órgãos fiscalizadores, não foram
submetidos à análise das câmaras municipais. Ao contrário do que determina a
norma em vigor, o TSE entende que a inelegibilidade só deve ser aplicada após a
palavra final da Casa legislativa.
Fonte: Jornal do Commercio
|