BRASÍLIA – O governo conseguiu aprovar nesta terça-feira, em reunião
extraordinária do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), uma
nova proposta para a reforma do ICMS. O texto recupera o projeto
original, que foi alterado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do
Senado e forçou o Executivo a recuar da reforma. O acordo aprovado pelos
secretários de Fazenda prevê a redução das alíquotas interestaduais de
ICMS, que variam entre 7% e 12%, para 4% nas regiões Sul e Sudeste, num
prazo de oito anos; nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e
Espírito Santo, a alíquota ficaria em 7% para produtos industriais e
agropecuários, num período de quatro anos. Os demais produtos, como
comércio e serviços, teriam alíquota de 4%, no mesmo prazo de Sul e
Sudeste (8 anos).
Os pontos acertados estão condicionados ao
compromisso do governo federal de criar o Fundo de Compensação de Perdas
e o de Desenvolvimento Regional, além da substituição do indexador da
dívida dos estados, de IGP-DI pelo IPCA, mais 4% ou Selic. A proposta
costurada entre a Fazenda e os integrantes do Confaz precisa ser
aprovada pela Câmara e pelo Senado.
O texto foi redigido na forma
de convênio e também fixou em 10% o ICMS interestadual do gás importado,
atualmente em 12%. Para atender a Zona Franca de Manaus, definiu
alíquota de 7% para produtos de informática e de 4% para os demais
produtos.
A proposta aprovada pela CAE, que desagradou o governo,
ampliou o alcance da alíquota de 7% de ICMS interestadual sobre todos os
produtos que deixassem as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e
Espírito Santo para serem vendidos no resto do país, e não apenas,
industriais e agropecuários. Na avaliação da equipe econômica, a
ampliação levaria a perdas para os demais estados e prejudicaria o
objetivo da reforma que é de acabar com a guerra fiscal no país.
Benefício industrial até 2025
Também
ficou acertado na reunião do Confaz que todos os benefícios concedidos
no passado na área industrial serão mantidos até 2025. Já os incentivos
dados aos segmentos de comércio e serviços serão extintos a partir de
janeiro de 2015.
Segundo o secretário de Fazenda de São Paulo,
Andrea Calabi, o texto negociado pelos secretários vai ajudar na
rediscussão do tema no Congresso.
— As discussões haviam sido
interrompidas no Congresso, mas o Confaz avançou. Foi um passo relevante
e acreditamos que o texto aprovado vá auxiliar a retomada das
discussões e facilitar a aprovação pelos parlamentares — disse o
secretário, acrescentando que o novo texto está mais enxuto e claro.
O
secretário de Fazenda da Bahia, Luiz Alberto Petitinga, destacou que é
compreensível que os parlamentares defendam interesses dos seus estados,
mas disse acreditar que o acordo firmado nesta terça-feira pelo Confaz
vai facilitar a retomada da discussão da reforma do ICMS.
— Um
compromisso que sai do Confaz, assinado por todos os secretários de
Fazenda dos estados, com anuência da Fazenda é um instrumento que os
parlamentares não podem ignorar — disse.
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