Diante da grande onda de manifestações populares, os partidos no
Congresso Nacional devem se unir e apoiar a consulta popular sobre
reforma política sugerida pela presidente Dilma Rousseff. Os
parlamentares devem ouvir a população por meio de plebiscito. As
perguntas devem girar em torno daquilo que é central: o financiamento
das campanhas eleitorais e o sistema de voto.
Esse processo deve ser deflagrado
pelo Congresso, sendo feito o mais rapidamente possível. As
manifestações de rua merecem respostas efetivas, e as pessoas não
aceitarão uma solução pronta, sem debate prévio. Então, devemos nos perguntar, após 25 anos da Constituição Cidadã, qual é
o problema central da política representativa brasileira? Sem dúvida, o
financiamento. O PCdoB sempre defendeu o financiamento público
exclusivo das campanhas eleitorais. O dinheiro que financia as candidaturas numa disputa eleitoral deve ser
público e exclusivo. A sociedade será a principal beneficiada com essa
iniciativa, visto que haverá maior transparência nos pleitos. Primeiro,
porque proporcionará maior igualdade de condições entre os candidatos,
garantindo a escolha de quem está mais preparado. Isso reduz o abuso do
poder econômico, situação que prejudica o processo como um todo nos
municípios, nos estados e no país. Quase diariamente a imprensa publica reportagens sobre casos desse tipo,
o que reforça o descrédito de muitos em relação à política e diminui a
credibilidade de nossas instituições. Mudar a forma de financiar
campanhas, portanto, é a saída para reduzir a corrupção no Brasil.
Diga-se de passagem, tema presente em muitas das manifestações populares
atuais. Se não dá para aprovar todas as medidas necessárias, então temos de
enfrentar o mais importante: o financiamento público e exclusivo é a
peça-chave para superar os desafios que ainda permanecem e melhorar a
imagem da política e dos políticos nacionalmente. Há bastante tempo, a bancada do PCdoB na Câmara faz um grande esforço
para construir a reforma política. As pessoas vão às ruas questionar o
sistema político porque ele possui, sim, falhas estruturais, e elas
precisam ser superadas. O plebiscito será o caminho para definirmos uma solução em conjunto com a
população, que realmente reestruture a política brasileira. A consulta
garantirá legitimidade ao processo. Vivemos um momento único. Não
podemos perder a oportunidade de melhorar o Brasil.
Fonte: Jornal O Globo
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