PT, PDT e PCdoB insistem em reforma para 2014

Apesar do calendário apertado e da falta de apoio no Congresso Nacional, os presidentes do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, e do PCdoB, Renato Rabelo, insistiram ontem que é possível fazer o plebiscito sobre reforma política ainda este ano, para vigorar nas eleições de 2014. Reunidos ontem, os três decidiram buscar o apoio do vice-presidente, Michel Temer, cujo partido, o PMDB, é o principal adversário da ideia. A frente formada por PT, PDT e PCdoB também vai procurar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No entanto, fora desses partidos o clima é de ceticismo e o plebiscito já foi praticamente enterrado.

Ontem, parlamentares de outros partidos da base e da oposição avaliavam que o plebiscito, como enviado pelo governo, está morto, e que fracassou a tentativa de jogar a crise e o desgaste no colo do Congresso. A criação de uma agenda própria e a votação de propostas incluídas na lista do Planalto, como o fim do voto secreto, é a estratégia para fugir da versão de que a presidente Dilma Rousseff tentou ouvir as ruas, mas o Legislativo impediu.

A ideia desse grupo é agilizar a votação de temas como o fim do voto secreto e outras mudanças nas regras eleitorais, como a eleição de suplentes no Senado - outra proposta de Dilma.

Dando início à empreitada para tentar superar o isolamento da presidente e emplacar a reforma política defendida pelo próprio partido - financiamento público de campanha e lista fechada de votação -, o presidente do PT postou ontem na internet um vídeo no qual conclama a militância a se mobilizar em defesa do plebiscito:

- Não há prazo, nenhuma dificuldade técnica, a nosso ver, que impeça a realização desse plebiscito - diz Falcão no vídeo.

Indagado pelo GLOBO como isso seria possível, Falcão respondeu que "para ouvir o povo sempre tem solução". Já o presidente do PDT usou como exemplo o próprio esforço feito pelo Congresso, desde a semana passada, para aprovar a toque de caixa uma pauta positiva para se contrapor à insatisfação da população com a classe política.

- Vamos defender plebiscito logo. A população quer que seja feito imediatamente. Quando há bom senso, é possível - disse Lupi.
Segundo Falcão, as pessoas que têm protestado nas ruas nas últimas semanas clamavam por reforma política:

- Ela ( Dilma) quer ouvir a população. Sensível à chamada voz das ruas, escutou as demandas que vinham da população, e, agora, ela sugere ao Congresso Nacional que ouça o povo na rua. E a maneira de ouvir o povo na rua é fazer o plebiscito da reforma política - disse o presidente do PT, na gravação que fez para a militância do partido.

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), também conclamou as bases de partido ontem, no Twitter: "Vamos nos mobilizar, já é visível que a maioria do Congresso quer "amorcegar" (sic) a reforma política", escreveu.

O PSB chegou a participar, na semana passada, de reunião com o PT, PDT e PCdoB sobre o plebiscito para a reforma política. Ontem, no entanto, não compareceu. Os socialistas, que pretendem lançar o governador de Pernambuco e presidente nacional do partido, Eduardo Campos, à Presidência da República, estão propondo que o plebiscito seja realizado junto com as eleições do ano que vem.

- Não estamos atrás de formar frente e tampouco concordamos com os prazos. Vão gastar R$ 500 milhões para algo que não vai surtir efeito para a próxima eleição. Não podemos vender ilusões que não vão se concretizar - disse o líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS).
Na oposição, a avaliação é que a proposta do governo vai motivar novas votações no Congresso.

- A proposta de plebiscito enviada pelo governo foi como um convite ao Congresso para embarcar numa viagem de primeira classe no Titanic. A presidente Dilma tentou jogar sua batata quente no nosso colo, para fugir dos problemas reais. Mas isso pode voltar como um bumerangue para o Planalto - disse o presidente do PSDB, Senador Aécio Neves (MG).
Presidente da CCJ, o Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já mostrou que, tecnicamente, o plebiscito para mudança de regras já para 2014 é inviável - e que o povo que vem ocupando as ruas não entenderia um plebiscito este ano para valer só para 2016 e 2018:

- Ou foram mal assessorados ou foi excesso de ciência mandarem essa proposta ao Congresso. Mas vamos ter agenda própria. O povo que ganha R$ 3 mil está endividado e asfixiado pela inflação. Está irritado e não é plebiscito que está pedindo - disse Vital.

Aécio diz não ter medo de se desgastar ao trabalhar contra o plebiscito como resposta às reivindicações das ruas:

- Não estamos preocupados com popularidade neste momento. Vamos mostrar que o que o povo está brigando nas ruas é para ver meia dúzia de corruptos em cana, e seus problemas de Saúde, Educação e Transporte resolvidos - afirmou o tucano.

Fonte: Jornal O Globo

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