O governo realizará um superávit primário (economia para o pagamento de
juros da dívida pública) de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto
de bens e serviços produzidos no país), ou R$ 109,4 bilhões, no ano que
vem. O valor está no Projeto de Lei Orçamentária de 2014, entregue
ontem ao Congresso. Segundo o texto, a meta oficial foi mantida em 3,2%
do PIB, ou R$ 167,4 bilhões, mas a equipe econômica anunciou que abaterá
1,1% (R$ 58 bilhões) em investimentos e desonerações. Assim, o esforço
fiscal será ainda menor que o prometido pelo governo para este ano, de
2,3% do PIB (R$ 110,9 bilhões).
Diante do fraco desempenho da economia e da turbulência no mercado
internacional, a equipe econômica enfrenta dificuldades para fechar as
contas. Por isso, embora a meta deste ano seja de 3,2% do PIB, haverá
abatimento de R$ 45 bilhões com investimentos e desonerações.
Porém, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adiantou que a estratégia
fiscal pode mudar ao longo de 2014. O superávit pode ser maior, caso o
desempenho da economia seja melhor que o esperado; ou menor, caso a
União seja obrigada a compensar frustrações no resultado primário de
estados e municípios. Conforme o projeto de lei, a meta para os governos
regionais é de R$ 51,3 bilhões, ou 1% do PIB. - O governo está comprometido em fazer o melhor primário possível. Segundo Mantega, o mais importante é manter a trajetória de queda da
dívida pública, que deve fechar 2014 em 33,9% do PIB. Nos bastidores, os
técnicos afirmam que, embora o primário de 2014 seja baixo, é melhor
que o governo seja transparente e mostre um compromisso factível.
Na proposta de 2014, a equipe econômica reduziu sua projeção para o
crescimento do PIB, de 4,5% para 4%, e subiu para a inflação, de 4,5%
para 5%. Os analistas do mercado financeiro estão mais pessimistas. Na
média, segundo o boletim semanal Focus, do Banco Central (BC), os
analistas preveem um crescimento de só 2,4% do PIB no ano que vem e uma
inflação de 5,84% Mas, para o ministro, o próximo ano será melhor em
função da recuperação de economias como a chinesa e a americana:
- Teremos uma economia mundial um pouco mais dinâmica, um crescimento do
comércio internacional e, com isso, poderemos alcançar os 4% de
crescimento.
BNDES poderá receber novo aporte
O ministro admitiu que o governo poderá fazer um novo aporte no BNDES
para aumentar sua capacidade de empréstimos. Ele não deu detalhes, mas
os técnicos afirmam que a instituição precisa de algo entre R$ 20
bilhões e R$ 30 bilhões para atender às demandas que recebe.
- Estamos sempre fazendo aportes no BNDES. O maior foi na crise de 2008,
e essas operações vêm caindo. Vai chegar um dia em que não será
necessário.
Ontem, em São Paulo, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que está em "conversações" para um novo aporte do Tesouro.
Segundo Mantega, no caso da Caixa, a ideia do governo é reduzir a
carteira de empréstimos corporativos. Ele explicou que, se o banco
continuar elevando seu volume de financiamento para grandes empresas, o
Tesouro pode ter de fazer novo aporte, o que não é desejado.
De acordo
com Mantega, o objetivo é que a Caixa trabalhe com os recursos que já
possui e se concentre nos segmentos em que tem força, como habitação e
pequenas empresas. O banco também entrará no financiamento às
concessões.
Fonte: Jornal O Globo.
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