Emparedados por menos
receitas, com cortes de impostos promovidos pelo governo Dilma
Rousseff, mais gastos em ano pré-eleitoral e maior endividamento,
estimulado pela União, os governos estaduais e municipais do Sudeste
foram responsáveis pela maior redução do esforço fiscal do país na
primeira metade deste ano.
Juntos, Rio de
Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, que respondem por
mais da metade da economia dos governos regionais para pagamento de
juros da dívida pública, diminuíram em um quarto sua poupança sobre o
mesmo período do ano passado.
A deterioração das
contas desses Estados puxou para baixo o desempenho regional, ao mesmo
tempo em que 12 das 27 unidades da Federação aumentaram o superávit
primário. Para fechar as contas neste ano, a União precisa de uma
contribuição de R$ 37,9 bilhões dos governos regionais. O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, garantiu, na semana passada, que vai cumprir
apenas a meta federal de R$ 73 bilhões, utilizando os abatimentos
permitidos por lei.
Esse dinheiro é usado
para reduzir o custo e ajuda a diminuir a dívida pública do País. Sob
fortes críticas do mercado financeiro por não cumprir sua parte, a União
adotou nos últimos anos diversos expedientes que ajudaram a
desequilibrar as finanças de Estados e municípios.
Agora, Mantega quer
eliminar da lei a previsão de o governo federal compensar o dinheiro que
governadores e prefeitos não conseguirem entregar.
O governo Dilma
adotou medidas, como a redução da conta de luz, que afetaram a
arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), maior
fonte de receitas estaduais. Ao mesmo tempo, criou linha especial do
BNDES para estimular o endividamento desses governos, enviou ao
Congresso uma proposta de mudar o índice que corrige as dívidas
estaduais e municipais e promoveu uma rodada de negociação das dívidas,
para permitir mais investimentos dos governadores.
Um dos problemas,
porém, é que o governo federal pode contabilizar como parte do esforço
fiscal os investimentos no programa Minha Casa, Minha Vida, em
infraestrutura e até os recursos que deixa de receber com as
desonerações. Estados e municípios não têm essa prerrogativa.
Estados. A diferença entre receitas e despesas primárias. (conceito que exclui
juros e outros encargos da dívida) de São Paulo no primeiro semestre
deste ano foi de R$ 9,5 bilhões, recuo de 8,37% ante os R$ 10,4 bilhões
do primeiro semestre de 2012. Pesou o fato de o resultado superavitário
do governo paulista ter sido 16% inferior ao do ano passado.
Os principais municípios do Estado, com
exceção da capital, reduziram pela metade sua contribuição. Por outro
lado, a Prefeitura da Capital conseguiu economizar 45,7% a mais nos
primeiros seis meses ante o primeiro semestre de 2012.
No Rio de Janeiro, as contas fecharam
positivas, mas 75% inferiores às do mesmo período de 2012. Na prefeitura
da capital fluminense, porém, houve no primeiro semestre um superávit
de R$ 1 bilhão, ante déficit de R$ 56 milhões no ano passado. No
consolidado, o superávit primário do Rio caiu 34,3%.
Minas Gerais e Espírito Santo também
reduziram bastante a economia para pagar juros das dívidas, 73% e 54%,
respectivamente, por causa da deterioração das contas estaduais. No
consolidado, o superávit de Minas no primeiro semestre deste ano foi de
R$ 670 milhões, bem abaixo dos R$ 2,5 bilhões alcançados no acumulado do
primeiro semestre de 2012. Já o Espírito Santo diminuiu o saldo de R$
781 milhões no ano passado para R$ 357 milhões neste ano.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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