O governo federal, os Estados e as prefeituras fazem neste ano a menor
poupança conjunta em 15 anos, desde que foi iniciado o programa de
ajuste das contas públicas.
Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, de janeiro a outubro
foram economizados R$ 51,2 bilhões para o abatimento da dívida pública, o
equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto.
Como proporção da economia, só não foi pior que o 0,5% do PIB obtido em
1998, quando o país caminhava para um colapso da política econômica.
No ano seguinte, sob imposição do FMI (Fundo Monetário Internacional), o
governo Fernando Henrique Cardoso começou a adotar metas para os
resultados das contas públicas, política mantida pela gestão petista
--hoje, porém, só no papel.
Desde os anos Lula, a meta é poupar a cada ano o equivalente a 3,1% do
PIB. Essa poupança, chamada de superavit primário, é o que sobra das
receitas após o pagamento das despesas com pessoal, programas sociais,
custeio e investimentos.
No mês passado, o superavit --com o acréscimo de parte das estatais--
foi de R$ 6,2 bilhões, o menor para o mês, em valores nominais, já
medido pela atual metodologia (que considera parte das estatais),
iniciada em 2002.
Em 12 meses, foram R$ 67,9 bilhões.
Os resultados estão muito distantes da meta inicialmente estabelecida
pelo governo para o ano, de R$ 156 bilhões, e mesmo do objetivo mais
modesto anunciado em julho, de R$ 111 bilhões.
O motivo principal é a estratégia adotada pelo governo Dilma Rousseff
para tentar estimular o crescimento da economia: elevar gastos públicos e
reduzir impostos para impulsionar a renda e o investimento privado.
SOB CONTROLE
O governo defende sua política fiscal com o argumento de que a dívida
pública está sob controle. Ao longo do ano, ela passou do equivalente a
35,2% para 35,1% do PIB --essa proporção chegava aos 60% quando o PT
assumiu o Palácio do Planalto.
No entanto, o cálculo brasileiro da dívida tem sido questionado por
especialistas e organismos internacionais, por excluir da conta as
dívidas contraídas pelo Tesouro Nacional para injetar dinheiro nos
bancos federais e expandir o crédito.
Pelos critérios adotados internacionalmente, a dívida pública do país se
aproxima dos 70% do PIB, o maior patamar entre as principais economias
emergentes.
Fonte: Folha de S. Paulo
|